Viajar e crescer. Regressei a Auschwitz.
Há pouco mais de um ano viajei até à Polónia com um grupo de amigos e professores. Uma viagem que não esquecerei e que agora recordo com outra nitidez [crescer faz-nos ver as coisas de outra forma, não é?]. Na altura, escrevi sobre a viagem e [sem intenção] hoje cruzei-me com esse texto. Apeteceu-me deixar aqui um pequeno excerto [repleto de grandes sentimentos]:
Se havia frio, houve um dia em que o tapamos com os agasalhos mais quentes e o escondemos por baixo de um banco do autocarro. Nesse dia, trocamos os casacos, as luvas e os gorros pelas memórias de um passado recente. As memórias de Auschwitz. Foi sentir bem perto o que julgamos estar longe, em cenários inacreditavelmente reais e cruéis, que nos deixam sem palavras, quase sem respirar. Tudo nos deixa a pensar, tudo nos faz cair na realidade do mundo onde vivemos. Tudo ali é tudo. Respirar Auschwitz é ter consciência que ainda há muito a fazer. E, porque há coisas que sentimos e não conseguimos explicar, no regresso a Cracóvia conversamos através do olhar e deixámos o autocarro num silêncio repleto de conversas.
Quando dizem que a escrita nos permite imortalizar momentos [e até pessoas], não podiam estar mais certos. Escrevi isto há um ano. Pouco depois do regresso a Portugal. E [apesar de ter crescido entretanto] não mudaria uma palavra agora. Há lugares que são especiais. Que nos fazem crescer. Que ficam para sempre. Como ficarão estas palavras que hoje encontrei.
Viajei. Há um ano. Hoje. Viajarei. E escreverei. Para que a vida seja uma viagem constante. Cheia de outras viagens e crescimentos.
Carol