Os miúdos brincam de manhã à noite. Não gostam de dormir muito para não perderem tempo ou para o tempo não se perder sem eles. Pedem mais cinco minutos, mais meia hora, mais uma vida de tempos livres e outras tantas livres das aulas. Os miúdos torcem o nariz à comida quando não são torcidos para gostarem de tudo. São os primeiros a pedir para sair da mesa, porque a noite ainda é uma criança e não há como dizer que não a mais um convite para brincar. Os miúdos têm a (...)
Também há verão na cidade. Há o som das rotinas e o aroma da familiaridade de quem está a dois passos de casa. O despertador aproveita-se e, só para não ser desmancha prazeres, faz questão de continuar a tocar bem cedo. Mas sorrimos para ele, com mais esforço do que gostamos de admitir, porque queremos acreditar que aqueles bips desenfreados são uma qualquer música latina que toca no bar da praia em que ainda nem sequer pusemos os pés. Se o instagrambronzeasse, nem a (...)
POST SEM SPOILERS [PODEM RESPIRAR À VONTADE E LER] Andava a contar os dias [sim, andava mesmo a contá-los] para a estreia de La Casa de Papel. E sei que, como eu, também muitos de vocês aguardavam expectantes pela terceira parte da série que se tornou um fenómeno internacional. A verdade é que [obviamente!] me precipitei e assisti aos oito episódios de seguida [e agora vou ter de esperar e desesperar pela quarta parte]. Não vos trago spoilers, mas não resisto comentar que nos (...)
Permitam-me aqui um pequeno desabafo. Acabei de fazer uma coisa que até nem tenho como hábito. Numa daquelas pausas do estudo em que tudo é mais interessante do que estudar, dei por mim na página de facebook do The Voice Portugal, programa a que assisto religiosamente, mas não é disso que se trata. Estou estupefacta com as palavras deixadas nas caixas de comentários. Ainda bem que somos livres. (...)
Apercebi-me agora. Estar na universidade ou no Parlamento é a mesma coisa. Reparem bem. Grupos de pessoas, divididos de acordo com valores partilhados, que se reúnem no que pode ser comparado a um auditório [apesar de, tanto na universidade como no Parlamento, nunca termos bem a certeza que nome cientifico têm estas salas]. Existe regime de faltas. Mas, claro, como a audiência é considerável, não há uma entidade superior que queira perder tempo a fazer a chamada. Portanto, (...)
As terras pequenas não cabem nas cidades grandes. Os centros concentram pessoas, mas não as centram no sossego dos dias e noites. Não há espaço para os sons e aromas. Até na escuridão seria demasiada a claridade para ver o que há para ver aqui. Nas terras pequenas cantam os galos, as galinhas e os grilos. Veem-se as estrelas e distinguem-se as constelações. As andorinhas alinham-se nos cabos da eletricidade, embora a rede móvel seja detalhe de cidade grande e, talvez por isso, (...)