A chegada da prima que [coitada] se chama Vera
[sim, mais um post sobre a primavera, mas leiam, por favor]
Coitadas das Veras que são primas. Que são primas Veras. Não devem achar piada nenhuma a esta coisa de serem uma estação do ano. Não tenho nenhuma prima chamada Vera, mas se tivesse tinha pena dela. E, quando penso sobre este assunto que muito deve [acho eu] incomodar as Veras [e, atenção, até acho o nome bastante bonito], imagino sempre a personificação desta estação do ano. Uma rapariga nos seus 30 anos, jovial e bonita. Magrinha e com um ar despreocupado e feliz. Uma simpatia de prima. Vejo-a chegar cá a casa ansiosa por misturar as roupas quentes com as roupas frias [teria de falar com ela sobre este assunto]. Solteira à procura de um companheiro que consiga aturar as suas constantes mudanças de humor. Mas é sempre bom tê-la por cá. Todos os anos marca uma data de chegada e outra de partida [que cumpre com todo o rigor]. Os dias ficam mais compridos quando ela vem, só para podermos passar mais tempo juntas. É a prima favorita da família [e o exemplo que todos os primos devem seguir]. É pintora [de dias coloridos], é jardineira [de jardins que precisam de ser arranjados], é cantora e bailarina [e põe-nos sempre a cantar e a dançar com ela]... E é profissional na arte de fazer sorrir até os mais carrancudos. Mas, coitada, nunca será ninguém na vida. Quer dizer, será sempre a prima Vera. Que passa temporadas em casa de outros primos. Que não tem um namorado, um marido ou filhos. Que desaparece durante o resto do ano e nem sabemos onde mora. Que baralha a meteorologia. Que nos deixa mais felizes e nos oferece [como quem diz] roupas mais frescas, ruas mais coloridas e dias mais longos. Contudo, é aquela prima que vai embora e de quem quase não nos despedimos. Porque o que vem a seguir à sua partida é ainda melhor do que o que a sua chegada trouxe. E o máximo que lhe podemos garantir é a estadia no próximo ano para matar as saudades [que não teremos tão depressa, pelo menos até setembro/outubro]. A prima não merece. A prima Vera não merece, porque não tem culpa de ser Vera e [ainda por cima] ser prima. Mas, pronto, terá todos os anos uma data de chegada e de partida [mesmo que não saia do sítio onde sempre esteve]. Se és Vera, tens de ser prima [ter 30 anos, bom sentido de humor e lata suficiente para todos os anos passares tanto tempo em casa de outros primos] e não é porque eu digo, é porque o calendário assim o obriga.
Deixem as primas Veras em paz.
Bem-vinda, estação do ano com nome de uma prima que não tenho!
Carol