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it's carol

Um blog sobre tudo. Sobre o que me apetecer. Acima de tudo, sobre o que sou.

16.Out.19

Do tamanho do mundo

“O mundo é pequeno”. Mas o mundo é grande. Cabe num globo ao canto da secretária, na espessura de uma folha de papel colada na parede do quarto e num porta-chaves a escorregar do bolso das calças. Mas recusa-se a caber nas 24 horas de um dia, numa só viagem de avião e, muito menos, entre a roupa amarrotada de uma mala de mão. O mundo escapa-nos com facilidade, se um piscar de olhos não for rápido o suficiente ou se virarmos as costas ao despertador.

 

Diz-se muita coisa sobre o mundo. Também há quem diga que tem o mundo aos seus pés. Eu cá digo que há poucos que têm mão nele. O mundo é dos loucos, dos que arriscam, dos que não têm medo de errar, dos bons, dos que acordam cedo, dos que se esforçam, dos que não desistem... Mas também é dos sóbrios, dos desconfiados, dos amedrontados, dos maus, dos que ficam na cama até tarde, dos que deixam acontecer, dos que escolhem o caminho mais fácil. O mundo é as duas faces da moeda, um jogo de sorte que se vai construindo.

 

Quando falam sobre o mundo, ninguém enfatiza como é especial e peculiar. Só sabem dizer que é pequeno. Mas é grande. E não tem culpa que todos lhe conheçamos os mesmos caminhos e os mesmos destinos. Dobramos as mesmas esquinas e ainda nos surpreendemos por esbarrarmos com rostos familiares. Sorrimos, encolhemos os ombros ou reviramos os olhos e deixamos escapar um “o mundo tem destas coincidências, não é?”. É mesmo? Ou somos nós – e a nossa incontornável queda para as comédias românticas – que gostamos de acreditar que tudo acontece por um motivo?

 

O mundo não é pequeno. Mas é confortável falarmos sobre ele como se fosse, exatamente, do tamanho da porta do frigorífico – onde há espaço para a coleção de todos os íman-pedaços-de-mundo. Talvez nunca tenha sido tão fácil conhecê-lo como agora. Talvez estejamos, de facto, a conhecer uma parte dele que estava por descobrir. E num globo decorativo pode não caber o mundo, mas cabe a parte dele que nós conhecemos. O mundo pequeno de que tanto gostamos de falar.

 

 

De binóculos, o mais longe que conseguiremos ver no nosso mundo será um louco, um aventureiro, um preguiçoso ou um carrancudo. Agora não esperem que não seja um rosto familiar. É que, não sei se já disse isto: o mundo é pequeno, mas o mundo é grande.

 

Carol

 

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