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it's carol

Um blog sobre tudo. Sobre o que me apetecer. Acima de tudo, sobre o que sou.

28.Ago.19

Às páginas tantas [#13]

O livro sobre o qual vos escrevo desta vez nunca [ou muito pouco provavelmente] teria vindo parar às minhas mãos se não fosse graças à sua adaptação ao cinema. Mais precisamente, à escolha dos atores para essa mesma adaptação. Portanto, um breve aplauso à união do universo da escrita ao universo do cinema [que, até mesmo quando um não consegue completar o outro, sem qualquer um dos dois a vida de todos nós seria muito mais difícil].

 

 

Enzo: A Vida de Um Campeão tem estreia marcada nos cinemas portugueses para o dia 29 de agosto, porém a tradução do original de Garth Stein foi lançada nas livrarias umas semanas antes. Mundialmente conhecido como The Art Of Racing in the Rain, o bestseller será protagonizado no grande ecrã por Milo Ventimiglia [yup, o Jack de This is Us] e Amanda Seyfried [que muitos devem conhecer de Mamma Mia!]. Tudo o que sabia sobre o livro, antes de o ter lido, era que se tratava da história de vida de Enzo – um cão [que no cinema ganha a voz de Kevin Costner] – e da sua “família humana”, sempre contada pelo animal de quatro patas. Simples, certo? Para além de prever que, inevitavelmente, se trataria de uma narrativa que, a qualquer momento, puxaria ao sentimento [por experiência própria, todos sabemos que livros/filmes e cães são sempre uma “mistura explosiva”], admito que não tinha grandes expectativas. Até abrir o livro e, pouco depois, dar por mim quase na página 200. 

 

Enzo é um dos livros deste verão que mais me prendeu e que li num abrir e fechar de olhos, chegando ao final com vontade de reler tudo do princípio. Não é “mais uma história de cães” nem “mais um Marley & Me”. Podia ser a vida de qualquer um de nós [obviamente em circunstâncias mais ou menos distintas] através da ingénua perspetiva de um cão. De realçar que é impossível ficar indiferente ao sentido de humor e ao sarcasmo de Enzo, que é apaixonado por corridas de carros e programas de televisão [acima de tudo se estes forem sobre corridas de carros]. Este livro, tão inteligentemente bem escrito, é o dia-a-dia nu e cru, encarado sem rodeios, com graça e honestidade. A história de Enzo é, principalmente, uma mensagem carregada de positividade sobre como, sem nos apercebermos, temos a oportunidade de traçar o rumo da nossa vida através das escolhas que fazemos constantemente.

 

Posto isto, admito [caso ainda não tenham percebido] que me encontro bastante curiosa [e, secretamente, com os dedos cruzados atrás das costas] para assistir a Enzo: A Vida de Um Campeão no grande ecrã. Para os mais sensíveis, não vos quero ocultar nada: podem levar discretamente um lencinho no bolso, porque ninguém sairá indiferente à família Swift.

 

Às páginas tantas, estava tão embrenhada nesta leitura que dei por mim a olhar para os cães com que me cruzava e a tentar perceber se eles poderiam estar, tal como Enzo, a criticar com sarcasmo as atitudes dos humanos que [sem motivos para isso, como ele próprio nos faz ver] se acham sempre tão mais do que os seus animais de quatro patas.

 

Carol

 

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24.Ago.19

"Primeiro" verão na cidade

Também há verão na cidade. Há o som das rotinas e o aroma da familiaridade de quem está a dois passos de casa. O despertador aproveita-se e, só para não ser desmancha prazeres, faz questão de continuar a tocar bem cedo. Mas sorrimos para ele, com mais esforço do que gostamos de admitir, porque queremos acreditar que aqueles bips desenfreados são uma qualquer música latina que toca no bar da praia em que ainda nem sequer pusemos os pés. Se o instagram bronzeasse, nem a vizinhança mais amigável nos reconheceria. 

 

No verão a vida também acontece na cidade. E somos - todos aqueles que não fogem à primeira oportunidade - a prova disso. A par com as famílias de turistas que, de mapa na mão, nos acompanha no metro, exibindo rostos com cores tão vivas que nos fazem agradecer, entre dentes, a falta de oportunidade para apanhar sol que temos tido. Ainda assim, há uma parte de nós - veraneantes citadinos por obrigação e dever - que inveja estar tão perdido como os estrangeiros que abandonam o metro em matilha, na estação Baixa-Chiado, para comer um Santini e passear pela Praça do Comércio. Dá até vontade de sair na estação errada e ligar o Google Maps, só para, por dois segundos que seja, encarnarmos a personagem e mostrarmos o nosso melhor lado desonrientado-estou-longe-de-casa. 

 

As altas temperaturas também se fazem sentir na cidade, mesmo que este ano o verão e o termómetro estejam a ultrapassar uma crise na sua duradoura relação. Aqui a vida continua. Uns dias mais igual, outros nem por isso. E é inegável que o verbo dá espaço para o calor ganhar algum lugar. De chinelos enfiados nos pés brancos, as pessoas passeiam-se nas ruas, combinam encontros em esplanadas atoladas de tantas outras que, como elas, fazem questão de mostrar o bronze-de-fim-de-semana. Na cidade, o verão 'continua' o resto do ano. Não o interrompe, não o coloca em pausa, nem perde o ritmo. E, embora aligeire a sensação de que no dia seguinte toda a rotina se repetirá, não impede que cada um desfrute das suas parcelas calorosas deixadas por aí, a cada esquina. Afinal, estamos perto de casa. E não há lugar nenhum que nos ofereça melhor a sensação de estarmos na nossa praia. 

 

Gostei de ti, verão-na-cidade. Passei por ti, pela primeira vez, a trabalhar. Agora, espero que não te ofendas, mas é altura de escapar por uns dias e sentir-te em pleno, de chinelos nos pés e cabelos molhados, num lugar onde o metro não chega e onde nem os turistas sonham que podem aperfeiçoar aquele tom rosado, pouco ou nada invejado por nós. Em setembro estou de volta, e na volta ainda me junto a uma família de Camones para gozar os três meses de férias a que sempre tive direito. Quanto a vocês, veraneantes citadinos por obrigação e dever, tenho-vos no coração. 

 

Carol

 

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