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it's carol

Um blog sobre tudo. Sobre o que me apetecer. Acima de tudo, sobre o que sou.

26.Jul.19

6 motivos por que La Casa de Papel não resultaria em Portugal

POST SEM SPOILERS [PODEM RESPIRAR À VONTADE E LER]

Andava a contar os dias [sim, andava mesmo a contá-los] para a estreia de La Casa de Papel. E sei que, como eu, também muitos de vocês aguardavam expectantes pela terceira parte da série que se tornou um fenómeno internacional. A verdade é que [obviamente!] me precipitei e assisti aos oito episódios de seguida [e agora vou ter de esperar e desesperar pela quarta parte].

 

Não vos trago spoilers, mas não resisto comentar que nos sentimos ainda mais parte de La Casa de Papel agora que temos uma Lisboa em nossa representação. E isso é tudo muito bonito [compreendo] e até chega a ser motivo de orgulho [igualmente compreensível]. O que ninguém diz é que, lá por haver espaço para uma menina e moça no plano do Professor, não haveria lugar para um atraco daquela dimensão em Portugal. Não estão a perceber?

 

Atentem então os seis motivos por que o plano de La Casa de Papel não seria bem sucedido em Portugal [para além, claro, de não termos a Fábrica Nacional de Moneda y Timbre, nem o Banco de Espanha]:

 

1 - Assaltantes recebidos com hospitalidade [e saudade]. É mais forte do que nós. Não conseguiríamos não receber bem os convidados. Aliás, já provámos que sabemos acolher quem nos visita melhor do que os outros povos. Boa comida, muita bebida e alguma conversa não faltariam. Somos hospitaleiros por natureza e orgulhamo-nos disso. E, bem, se estivermos a falar em oferecer o nosso melhor tratamento a ladrões disfarçados que roubam bancos... Percebem o meio receio? Acho que os assaltantes jamais se quereriam ir embora. E, conhecendo-nos como conheço, nem nós deixaríamos que isso acontecesse. Daríamos uns péssimos reféns. 

 

2 - Lotação [já] esgotada. A propósito de gostarmos de receber bem quem nos visita, ultimamente recebemos cada vez mais turistas. E se as pessoas vêm para conhecer as praias, as tradições, os Pastéis de Belém, a calçada portuguesa e o Fernando Pessoa, acreditem que apanham o primeiro voo para cá se souberem que os assaltantes mais conhecidos em todo o mundo estão em Portugal [mesmo que a CMTV faça transmissões internacionais do acontecimento]. E aí, oiçam bem o que vos digo, não vamos ter mais espaço. E, adivinhem, quem é que vai ter de sair primeiro? 

 

3 - Professor com pouco futuro. Pelo menos, na educação. Ainda bem que este Professor se adiantou [e nem precisou de vir para Portugal para perceber que só noutra área conseguiria progredir na carreira]. Já repararam quão aborrecido seria ter de lhe explicar que, embora exerça uma profissão fundamental para a sociedade, não tem qualquer tipo de reconhecimento por isso? Sabem o que vos digo, este Professor traz a escola toda [e, como tal, mantém-se distante do país vizinho]. 

 

4 - Pena dos assaltantes. E pouca pena para os assaltantes. Acredito que gostem muito deles [eu própria adoro o grupo que o Professor formou] e por isso nunca seriamos suficientemente justos a fazer-lhes justiça. Já referi que nos afeiçoaríamos a cada um deles, agora imaginem como seria acompanhar, durante meses a fio, as idas a tribunal e conhecer, por fim, a pena que lhes seria atribuída. É certo que não matam ninguém e, longe deles, fazer mal a quem quer que seja mas, sinceramente, acham que seriamos sequer capazes de os prender? [Pensem comigo: se La Casa de Papel fosse em Portugal, só teria direito às duas primeiras temporadas, uma vez que, após escaparem, mesmo que a polícia tivesse conhecimento do paradeiro dos assaltantes, nunca teria ordens para os deter].

 

5 - Trânsito na Ponte 25 de abril. Quem conhece o Professor, sabe que ele não gosta de estar longe, porém também nunca está perto o suficiente para ser apanhado. O que significa que, no caso de decidir realizar um assalto em Lisboa, a posição mais estratégica seria estar na Margem Sul. Até aqui tudo bem. Não fosse o Professor estar sempre em movimento e pronto para atuar. O que implicava que, frequentemente, se deslocasse entre as duas margens do Tejo. E todos sabemos que ele gosta de ter todas as situações sob controlo, algo que é completamente incompatível com o fator ter-de-atravessar-todos-os-dias-a-ponte-25-de-abril [também aplicável à Ponte Vasco da Gama em determinados momentos]. Acreditem, os planos levariam o dobro do tempo a serem concretizados e o Professor chegaria ao final da temporada com um look bem mais "grisalho" e impaciente.

 

6 - Seria sempre tarde demais. A questão é simples: independentemente do banco que viessem assaltar, não chegariam sempre depois de alguém, discretamente, já ter tratado do assunto? 

 

 

Motivos pensados com amor [e humor] de uma fã portuguesa que, apesar de tudo, adora viver num país tão pacato e com vista [mas a uma boa distância] para o grupo de assaltantes mais geniais do mundo. Acrescentavam mais alguma coisa? Opiniões sobre a terceira temporada?

 

Carol

 

6 motivos por que La Casa de Papel não resultaria

 

15.Jul.19

Uma estagiária à janela

Gosto de encontrar nas janelas todas as metáforas que se desenham para lá dos vidros. É reconfortante saber que esse "para lá" está sempre nas mãos de quem está do lado de cá. E não há nada como ter presente que existem outras saídas, que quando uma porta se fecha, abre-se uma janela. Estou a estagiar há quase dois meses. Neste período de tempo [mais coisa menos coisa] conclui a licenciatura [uns dias depois de ter escrito este último post]. É verdade - sou, oficialmente, uma pessoa licenciada. Ainda estou a assimilar o verdadeiro significado dessa frase, de um predicado que veio para ficar, depois de três anos a abrir cortinas e a procurar [de longe, mas cada vez mais perto] o melhor lugar como destino. 

 

Já atualizei esta minha mais recente "condição" no meu curriculum vitae [mais ou menos como as pessoas faziam, em tempos, no facebook, quando ainda o consideravam uma janela para o mundo]. Mas ainda permito que os não-fazer-nada sejam interrompidos por a-sério-digam-me-o-que-é-que-eu-tenho-para-fazer [juro que não é um trauma, gosto mais de lhe chamar "força do hábito"]. Acho que permanece em nós uma sensação estranha quando, habituados a uma paisagem, a deixamos de ver, de repente, apenas porque baixámos os estores, e mesmo sabendo que há sempre a possibilidade de abrir a janela e regressar aos sons, aos cheiros e, num momento mais atrevido, se tentarmos espreitar, até às cores, que reconhecemos tão bem. No fundo, as boas memórias são janelas que podemos [e gostamos] de abrir sempre que nos apetecer. 

 

Porém, mudar o cenário também é preciso. E há portas que se abrem para nos mostrarem que os caminhos não só se veem como também se percorrem. Depois de três anos sentada num parapeito [mais alto do que todos aqueles em que estivera antes], mal precisei de espreitar através do olho mágico da porta para saber que estava na altura de conhecer novas saídas. Estou a estagiar há quase dois meses. Neste período de tempo, para além de ter terminado a licenciatura, tenho tido a sorte de viver uma experiência enriquecedora a vários níveis. Senti que precisava de dar este salto. E tive a liberdade de o dar como [e porque] quis. O que nunca nos dizem é que à janela ninguém está só. Reconheço que sou uma sortuda por ter um parapeito tão bem frequentado, quer por aqueles que aqui se sentam comigo com as pernas a baloiçar, quer por aqueles que me acenam de longe enquanto me inclino, apoiada nos cotovelos, para os distinguir melhor.

 

Recordam-se dos momentos de não-fazer-nada de que vos falava há pouco? Não têm sido assim tantos ultimamente. A verdade é que sair pela porta implica outro ritmo [afinal de contas este é o meu primeiro passo a sério no mundo dos crescidos]. Acabaram-se as férias grandes e as combinações com amigos à última da hora. É difícil conciliar horários e até estar no sofá sem adormecer se tornou numa tarefa impossível. Ver temporadas completas de séries num dia é para esquecer [mas esperem só até estrear La Casa de Papel!] e os filmes passaram a ser vistos por partes [e ao longo de vários dias]. Mas estagiar está a ser muito mais do todas essas coisas através das quais nos vemos na vida [aliás, não está a ser mesmo nada disso].

 

E eu estou bem. E vejo que por aqui está tudo ainda melhor [continuo atenta, mesmo quando passo mais despercebida]. O it's carol, mais do que qualquer janela ou porta, é o meu olhar sobre o mundo refletido neste universo digital. Ultimamente, tenho dormitado mais do que julgara ser necessário, desfrutando do silêncio do repouso e da agitação de uma experiência completamente nova. Mas este é irmão deste e já estava na hora de voltar. Nem que seja para relembrar como gosto de encontrar nas janelas todas as metáforas que se desenham para lá dos vidros. E o que eu ainda não tinha percebido era que as metáforas se multiplicavam em janelas sobre rodas [é a vida a acontecer!].

 

Tenho passado muito tempo a conhecer novos cenários para já saber que as portas sempre se abrem para concretizarem as figuras de estilo. E, sejamos honestos, não há nada que um regresso ao parapeito não resolva. 

 

Carol

 

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