Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

it's carol

Um blog sobre tudo. Sobre o que me apetecer. Acima de tudo, sobre o que sou.

13.Mai.19

Teremos medo de falar sobre o medo de falhar?

Não se fala muito no medo de falhar senão depois de uma história de superação. Já repararam que só falamos no fracasso depois de sabermos que foi apenas um detalhe,  nada impeditivo, de uma história com um final feliz? Mesmo que o pensemos para nós, é raro falarmos dele num tempo futuro, talvez até num tempo presente. É quase como se só gostássemos de o recordar como uma memória longínqua que, "apesar de tudo", nos levou até algo ainda melhor.

 

Não sei. Tenho andado a matutar neste assunto. Tenho muito medo de falhar. Comigo, com os outros e com a vida no geral. Cada vez tenho mais medo de falhar. Possivelmente, porque sei que os dias se avizinham com responsabilidades maiores. E não quero falhar. Não sinto que esteja preparada para isso, acho que ninguém está. Todavia sei que, inevitavelmente, vai acontecer. E sempre me ensinaram que não há nada de errado em falhar e em tentar de novo, as vezes que forem precisas. Sempre me disseram que, pior do que falhar, é nem sequer arriscar. 

 

Por isso é que me questiono porque é que numa sociedade que se espera tão próxima e, cada vez mais, "sem filtros", em que as pessoas partilham experiências e inspiram os outros com as suas próprias histórias, ninguém admite que tem medo de falhar hoje, amanhã ou daqui a semanas, meses ou anos. Não preciso apenas de ouvir vozes que me digam que tiveram medo do fracasso antes de atingirem o sucesso. Preciso da verdade, do presente e das palpitações descontroladas dos corações que têm medo hoje, antes de saberem se fracassam ou se apimentam uma história com um final feliz. Preciso que essas vozes se façam ouvir. Porque acredito realmente que o medo de falhar pode ser muitas vezes importante para arriscarmos, para saltarmos, para percebermos que estamos a chegar longe, independentemente da distância a que estamos da nossa meta. Sei que tenho mais medo de falhar agora do que antes e compreender isso faz-me perceber que cresci. 

 

Não há nada de errado em falarmos sobre o fracasso. Mais errado é fazermos disso um assunto silencioso. Tenho muito medo de falhar. E é quando percebo isso que sei que estou no caminho certo para atingir algo maior do que tudo aquilo que está na minha zona de conforto. 

 

Teremos medo de falar sobre o medo de falhar?

 

Carol

 

IMG_6405.JPG

 

06.Mai.19

Às páginas tantas [#12]

Um dos objetivos que, inconscientemente, estabeleci para 2019 foi conseguir organizar melhor o meu tempo, de modo a conseguir ler um livro até quando o tempo é pouco. Adoro ler. E costumo ler bastante, no entanto comecei a aperceber-me de que passava grandes temporadas sem pegar num livro [sempre com a desculpa de estar demasiado ocupada a estudar ou a fazer trabalhos da faculdade]. Tenho vindo a tentar mudar isso e confesso que [assustadoramente] tenho ainda mais vontade de ler. Ultimamente, e nunca trocando os géneros que mais gosto, tenho procurado livros que saiam um pouco do "registo" a que estou habituada, o que me tem permitido conhecer novos autores e formas bastante distintas de contar histórias. Juntei-me, discretamente, a comunidades de book lovers [como o @hmbookgang] e descobri que são uma maneira muito engraçada de conhecer e explorar novas leituras, como é o caso da que vos trago hoje.

 

Passada toda esta conversa sobre a leitora [ainda mais] pontual em que me estou a tornar, dou-vos a conhecer um livro que adorei: O Rapaz Escondido, de Katherine Marsh. A capa atraiu-me desde o primeiro momento, já para não falar na sinopse, que me deixou mega curiosa para saber mais sobre a história de Ahmed e Max, os dois protagonistas. A atualidade da narrativa torna-a tão fácil de ler que o difícil é abandonar a leitura até chegar ao fim. Entre a amizade de dois jovens rapazes que partilham o mesmo teto, porém mundos tão diferentes, surgem como obstáculos temas como a crise dos refugiados, o terrorismo e a islamofobia. Devorei as páginas em três tempos, sempre com vontade de saber o que aconteceria a seguir e se a força de uma relação tão genuína seria o suficiente para dar um final feliz à história destes dos protagonistas. 

 

Quanto mais lia, mais refletia sobre assuntos que, infelizmente, estão cada vez mais nas bocas do mundo. É dificil imaginar como é estar na pele de Ahmed, que fugiu da guerra, embarcando numa viagem da Síria até à Europa. É muito angustiante colocarmo-nos, ainda que muito distantes, na realidade da vida de uma personagem que, lamentavelmente, existe em milhares de crianças, jovens e pessoas de todas as idades que, diariamente, lutam por uma vida melhor. A história é baseada nas experiências reais da autora, incluindo acontecimentos que todos conhecemos. Este livro desperta o lado mais emotivo do leitor. O Rapaz Escondido conseguiu um lugar especial no meu coração e voltará a sair da estante sempre que me quiser lembrar que o mundo também é feito de pequenos heróis. 

 

Às páginas tantas, sentimos que a imprevisibilidade da vida pode levar-nos a caminhos que existem para nos tornar melhores e a pessoas que são o melhor de nós. 

 

Carol

 

6DA47670-DB57-4FB1-8B1D-B9D57DA42E7B.JPG

 

[para verem as minhas sugestões de leitura anteriores basta clicarem aqui!]