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it's carol

Um blog sobre tudo. Sobre o que me apetecer. Acima de tudo, sobre o que sou.

19.Mar.19

Encerrar uma questão prévia

Há dias [talvez até semanas] que ando com uma palavra aqui entalada. A mim, alguém que as estima como estimamos um objeto com um valor sentimental insubstituível. Não é pela palavra em si, é a frustração de a ter escrito, enviado e só depois me ter apercebido de que a utilizei mal. Mas foi sem querer. E agora parece que está sempre a surgir. Em conversas alheias, nas notícias online, nas folhas deixadas por aí. Pronto, nas folhas talvez não, já ninguém deixa folhas por aí quando pode utilizar o whatsapp e dizer o mesmo sem gastar tanto papel. E se eu tivesse escrito esta palavra numa mensagem informal, rapidamente a teria corrigido e enviado uma nova mensagem com a palavra certa após um asterisco. O melhor de tudo é que a minha palavra [entretanto achei por bem acolhé-la e dar-lhe uma nova oportunidade] viajou por email e num tom bastante formal até. Não percebem a frustração de quem percebe que enviou um posteriormente no lugar de um previamente. Faz toda a diferença. E por saber distinguir essa diferença [isso nunca esteve em causa] é que me senti tão incomodada. Escrevi-a à pressa e, apesar desse detalhe importante, não acho que seja uma desculpa válida. Revi o email [à pressa, é verdade]. E a palavra errada foi no lugar da certa. 

 

Perante o pensamento de escrever um novo email a justificar o erro [e a corrigi-lo, já agora], preferi optar por não dar tanta importância à situação. Se consegui? Claro que não. Se estou a levar este assunto demasiado a sério? Claro que sim. O que é que querem? Admito a falha. Posteriormente, fiquei a pensar no previamente que nunca chegou a ser enviado. Que ao menos isso tenha permitido ao recetor um sorriso [daqueles trocista]. Mas eu sei escrever [juro que sim!]. E sei muito bem distinguir um previamente de um posteriormente. Talvez não saiba distinguir tão bem os assuntos que merecem realmente ocupar tanto tempo no meu pensamento. Talvez não saiba lidar com emails enviados em cima do joelho. Talvez não saiba desvalorizar estes pequenos detalhes. 

 

Por gostar de histórias com finais felizes [e a utilização correta das palavras], encerro aqui [e convosco] este meu pequeno sofrimento silencioso. E lembrem-se [para o caso de quererem retirar algo deste desabafo sem contexto]: até podem não haver as palavras certas, porém, não se arrisquem a não ter a certeza da sua utilização. Admito o meu erro. E, em jeito de tréguas para comigo mesma, faço questão de o corrigir:

 

*Posteriormente a um email falhado e que me tem tirado o sono, reconheço que deveria ter detetado o erro previamente e, por isso, envio a minha posterior correção. Obviamente que deve ter percebido a mensagem na mesma. Espero ter proporcionado um posterior sorriso genuíno, embora queira deixar claro que não foi previamente propositado. E não, a culpa nem sequer foi do corretor automático. 

 

Com os meus melhores cumprimentos [os prévios e os posteriores à minha falha],

 

Carol

 

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15.Mar.19

Quem quer acabar o curso para não ser agricultor?

Que fique desde de já esclarecido que nada tenho contra agricultores, acho até que desempenham um papel muito importante numa sociedade que cada vez mais procura os produtos bio (e tudo o que se possa traduzir, no dicionário do instagram, na hashtag #healthylife). Utilizar a profissão de agricultor é uma metáfora. Podia ter optado por uma mãe que escolha as disciplinas que vamos ter durante um semestre (se calhar era bem mais simples assim, não era? As mães sabem que somos de “bom alimento” e que precisaríamos de escolher disciplinas que fizessem por nós tudo o que “não somos capazes de fazer sozinhos”. Não teríamos como rejeitar as suas escolhas). Prosseguiremos então com o agricultor.

 

Agora a televisão mostra-nos um “amor” à primeira vista que afinal é visto muitas (e das mais diversas) vezes. Há quem participe a achar que realmente pode encontrar o amor da sua vida e, por outro lado, há quem lá esteja apenas por estar. E, para quem, como eu, está no último ano da licenciatura, todos estes programas televisivos dão que pensar, porque, afinal de contas, são exatamente a mesma coisa que estar no último ano de um curso.

           

Falo por mim e creio que por todos os que se encontram na mesma situação que eu: não queremos namorar com o agricultor nem casar com o seu filho, só queremos acabar o curso e ter um futuro na área em que estudámos. A tarefa não é fácil. Acredito que um agricultor saiba cultivar melhor uma relação com alguém do que nós com algumas das disciplinas que, sem escolha, temos de fazer. Criticamos aqueles concorrentes quando, na verdade, nem nos apercebemos de que fazemos precisamente a mesma coisa: os defeitos não estão em nós, estão no que (e em quem) nos rodeia. Precisamos da vida facilitada e sabemos ser exigentes. E aquela vontade de rir (para não chorar) que nos dá por sabermos que todo o conteúdo é tão “bom”?

           

A grande conclusão que retiro é que nós somos “o” agricultor sem quereremos correr o risco de sermos agricultores. Numa fase final (esta por que passamos agora) acredito que muitos já tenham percebido se o curso (aquele que a certa altura nos parece o par ideal) é apenas uma paixão ou um amor com futuro. Em ambas as situações, é a nossa vez de apalpar terreno (eu bem disse que éramos “o” agricultor) e de percebermos se, como finalistas, chegamos à final com vantagem. Merecemos a oportunidade de nos sentirmos vencedores (nem que seja pelo simples facto de termos conseguido terminar aquela disciplina que nos dava pesadelos, o amor-ódio que é sempre mais ódio que amor). Ergueremos orgulhosos o prémio de finalistas e agradeceremos à produtora (que seria de todo este percurso sem ela?), sem esquecer todos os críticos que (como sempre) não viam o programa, mas tiveram sempre uma palavra a dizer. E acabamos por concluir que a vida de universitário não é a nossa horta, mas sim a nossa praia.

           

Quero acabar o curso para não ser uma agricultora (e, repito, nada tenho contra quem o é). Quero viver num país que se dedica à agricultura biológica dos seus cidadãos, para que estes possam ter o espaço e as condições que precisam para crescer nele de forma saudável, desenvolvendo as áreas que estudam durante anos. Embora seja dada a metáforas, não quero que este tipo de programas seja uma para Portugal. Somos mais do que isso.

           

Televisão, sabes que és uma paixão antiga a caminho de te tornares num amor com futuro, não me dececiones. Acho que não te estou a pedir muito: dá tanto destaque aos talentos que são colhidos por esse país fora, nas mais diversas áreas, como tens dado a agricultores desesperados por um fertilizante à medida e a mães ansiosas por escolher uma nora feita por encomenda.

           

De uma agricultora (que está a fazer por não o ser) para outros agricultores: mesmo quando parecer que o esforço não vai dar frutos, o segredo é continuar a cultivar e a acreditar. Ou concorrer outra vez. Temos terrenos férteis, não nos esqueçamos disso.

 

Finalistas que me leem, estamos a cavar na mesma direção. Interessados em trocar apontamentos?

 

Carol

 

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11.Mar.19

Apontamentos de uma quase-licenciada [#1]

Estou a cerca de três meses de acabar a minha licenciatura [no curso de Comunicação Social e Cultural]. É o fim de mais uma fase importante [e, espero, o início de algo ainda maior]. Em muitas das conversas que tenho ultimamente, a pergunta que se impõe, aquela que faz um duplo mortal e surge pronta para se rir na minha cara se não tiver ginástica suficiente para lhe responder de imediato, é: "então e a seguir? Já sabes o que queres fazer?". É suposto saber? Sim, talvez saiba algumas coisas, entre elas, sei que quero aproveitar este último semestre antes de subir mais um degrau em direção às responsabilidades deste [ainda incógnito] mundo dos crescidos.

 

Se o futuro me assusta? Claro que sim [os desafios não nos assustam sempre?]. Se me apetece saltar para lá agora mesmo? Há dias que sim [muito!]. Mas e o agora? Ninguém pergunta sobre o presente? Ninguém quer saber o que quero agora, o que queria quando comecei, o que achava que ia querer passados estes três anos? Sobre o que mais [ou menos] tenho gostado, o que faria de forma diferente [e como o faria então], como [e porquê] tomei a decisão de escolher este curso? Okay, calma, não preciso que seja feito um Alta Definição sobre o assunto. Mas se ninguém pergunta, vou escrever sobre tudo isto [e muito mais] numa rubrica que inicio com este post.

 

Apontamentos de uma quase-licenciada, uma espécie de diário de despedida [de uma fase marcante e deveras crucial da minha vida] escrito por mim alguém que tem aprendido a reconhecer a influência que o passado exerce sobre o nosso presente [e a quem só questionam o futuro]. Peripécias e desabafos na primeira pessoa do singular [e espero que também na primeira pessoa do plural] de quase três anos [ou mais, depende da perspetiva] que aqui partilharei sob as minhas verdades [e uma dose de ironia controlada]. Não escreverei sobre praxes ou festas loucas [porque, muito embora tenha algumas coisas a dizer sobre estes assuntos, não vou], nem sobre como as segundas podem ser dias maus [porque, de facto, podem ser bons e não merecem ser vítimas dessa injustiça]. Escreverei, sim, [como aliás faço sempre] sobre o que me apetecer, de acordo com a minha experiência pessoal, e sobre tudo aquilo em que acredito [ainda que a faculdade nos faça colocar muita coisa em causa!]. Ah, e claro que me lamentarei por ter esta incrível oportunidade de estudar o que, realmente, gosto. E desculpem-me os dias maus [que todos temos], porém, às vezes é uma chatice estudar e conseguir ter vida social e acompanhar as séries mais recentes e querer dormir a horas e querer fazer tudo sem perder nada. Mas sorriam e sincronizem o sentido de humor na mesma frequência [tenho mesmo noção do quão sortuda sou, não preciso de comentários de alerta/preocupação/"que-pobre-e-mal-agradecida", ainda que cada um possa dizer o que bem lhe apetece, prefiro aqueles que estão sintonizados. Todos são bem-vindos, okay?].

 

Espero que se possam identificar [estejam ou não na faculdade] e adorava que partilhassem comigo os vossos conselhos e opiniões, as vossas histórias e questões, os temas sobre os quais gostariam de ler e as vossas preocupações. Gostava de tornar os meus "apontamentos" num espaço nosso, interativo e aberto ao debate aqui no It's Carol. Podemos começar agora mesmo, o que me dizem?

 

Bem-vindos aos Apontamentos de uma quase-licenciada [uma rubrica que, tal como os dias de uma estudante universitária, será tudo menos regular]. Trocamos apontamentos brevemente?

 

Carol

 

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04.Mar.19

Às páginas tantas [#11]

A sugestão de leitura que vos trago desta vez chega com algum atraso. Ainda assim, já diz o ditado, "mais vale tarde que nunca". E, como "não há duas sem três", este livro [enviado pela editora O Castor de Papel] tem um título muito familiar: Não Há Rosas Sem Espinhos. Da mesma autora de Viver na Flauta [sobre o qual já partilhei a minha opinião], dá-nos a conhecer a história de uma mãe solteira, Rose, que vai ver o seu mundo virado do avesso depois do seu único filho sair de casa. A protagonista não irá ter a vida facilitada quando dá por si a ser dama de companhia de Colette, uma idosa com manias muito estranhas. Ou será que o seu trabalho é ser a dama de companhia de Pépette, um cão com uma dona muito peculiar? Mas e Rose? O que é feito da sua própria vida? Os episódios que ocuparão os seus dias [e serão mais que muitos] fá-la-ão compreender que precisa de começar a olhar mais para si antes de se preocupar tanto com aqueles que a rodeiam.

 

Muito descontraída e com bastante sentido de humor, esta é uma história que se saboreia com calma durante aquele período de tempo em que decidimos abstrair-nos de tudo. O registo é bastante semelhante ao de Viver na Flauta, por isso, parece-me que Aurélie Valognes, a autora, correspondeu às expectativas, ao contar-nos o dia-a-dia de personagens que passam por momentos tão caricatos [e, outras vezes, tão banais] quanto qualquer um de nós. Embora se trate de uma história feliz [com algumas infelicidades pelo meio], há situações nas quais a autora não está com rodeios e confronta-nos com a "realidade" tal como ela é: descontrolada. Trazia estas páginas há algum tempo guardadas, mas como tão bem este livro nos faz refletir, o passado pode existir para sempre no nosso presente, cabe-nos decidir o que fazer com ele no futuro. Decidi que estava na altura de partilhar Não Há Rosas Sem Espinhos convosco. E desse lado, alguma sugestão que tragam no bolso?

 

Às páginas tantas, nunca conseguimos ser o tanto que desejamos ser para os outros se não o formos para nós primeiro. Parece fácil, contudo, raramente colocamos em prática este exercício de nos colocarmos em frente ao espelho. 

 

Carol

 

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[para verem as minhas sugestões de leitura anteriores basta clicarem aqui!]