This is Us - Os meus episódios preferidos
[Este post NÃO CONTÉM SPOILERS. Talvez alguns. Nada que não saibas se já pertences à família Pearson.]
Escreve-vos a pessoa mais feliz deste mundo porque [adivinhem!] esta semana começa a terceira temporada de This is Us. Não me quero estar a repetir, tendo em conta que já aqui escrevi um post com a minha opinião sobre a série. E nada mudou desde então [sorry not sorry]. Se vocês não sabem do que estou a falar, se não viram sequer o trailer, sem ofensa, mas são um ovo podre [daqueles mesmooooo podres]. Dou-vos uma nova oportunidade e garanto-vos que, depois de começarem, a vossa vida não mais será a mesma. E a vossa procura pelo Jack na vida real será incessante [boa sorte com isso!]. Estou entusiasmadíssima com esta nova temporada [não se nota nada, pois não?]. O último episódio, a minutos de terminar, deixou tantas perguntas por responder. A partir de amanhã, dia 25, estão garantidos episódios surpreendentes com passado, presente e futuro. E se há coisa que This is Us faz bem é surpreender, por isso, numa escala de 0 a morte-do-Jack não sei quão preparada estou para o que aí vem.
Sobre a terceira temporada podemos falar depois. Já vi [e revi] as duas temporadas vezes suficientes para saber alguns diálogos de cor [se isto não é amor, não sei o que será]. Há episódios que me tocam particularmente e que sou capaz de ver sem nunca me cansar. Às vezes, uma cena é o que basta para ficar a adorar o episódio. Deste modo [e apesar de achar que era capaz de fazer uma lista sobre o porquê de cada episódio ter algo que adoro], vou tentar concentrar-me e eleger [justificadamente] aquelas que são os meus 6 episódios preferidos de This is Us. Não há um episódio que não transmita mensagens com significados pertinentes até para o nosso dia-a-dia. Há uma reflexão inevitável e as perguntas surgem mais depressa do que as respostas que conseguimos encontrar.
"The Pool" [ep.4, 1ª temporada]
Há vários momentos que fazem deste episódio um dos meus preferidos, principalmente as questões que levanta. Vivemos numa sociedade que, apesar de todos os progressos, ainda julga os outros pelo seu tom de pele. Classificamos o estrato social das pessoas por serem de raça negra, sem antes pensarmos que são pessoas como qualquer um de nós. O tom de pele não é [pelo menos não devia ser] impedimento para o sucesso. Randall, uma criança de raça negra que é adotada por uma família de raça branca, não tem direito a querer perceber como seria a sua vida se pertencesse a uma família da sua raça? Damos uma importância desmedida à aparência física uns dos outros sem nos apercebermos de aquilo que deve ser realmente o nosso foco. Por outro lado, concentramo-nos tanto naquilo que definimos como correto e errado que ignoramos, por mero orgulho, aquilo que os outros nos podem ensinar. O que é preciso para começarmos do zero se não a coragem de arriscar? Só reconhecemos a nossa zona de conforto quando pisamos um lugar que nos é tudo menos confortável. E, a maior das questões, será que o Randall precisa mesmo de utilizar protetor solar, tendo em conta o seu tom de pele? Este episódio é só genial.
« Sou um homem negro forte que teve sucesso. Eu e a minha mulher pensamos muito na forma como educamos as nossas filhas, acredite. O facto de a minha filha não achar estranho fazer de Branca de Neve... Bom, a ideia é mesmo essa. Certo? »
Randall Pearson
"Pilgrim Rick" [ep.8, 1ª temporada]
Não há como passar por este episódio sem querer vê-lo novamente. Tudo se passa no Dia de Ação de Graças entre o passado e o presente. Os nossos dias são feitos de rotinas, criamos tradições para as datas que consideramos importantes e exigimos que se repitam ao longo dos anos. Somos assim em tudo, não é? Gostamos de manter o controlo das situações, de planear e de não alterar nada. Mas que significado tem a tradição quando deixa de fazer sentido? A essência das rotinas que criamos está na naturalidade com que as vivemos e não no esforço a que nos propomos para as cumprir. Este Dia de Ação de Graças vai mudar muita coisa na vida da família Pearson. Um segredo, uma mentira e traumas do passado. Há nas cenas deste episódio uma intensidade que representa o verdadeiro significado de família.
« - Qual é a sensação de estar a morrer?
- Sinto... que todos estes lindos pedaços de vida voam à minha volta enquanto eu tento apanhá-los. Quando a minha neta adormece no meu colo, tento captar a sensação da respiração dela contra mim. E, quando faço o meu filho rir, tento captar o som do riso dele e o modo como ele ascende do peito. Mas agora, esses pedaços movem-se mais depressa e eu não consigo apanhá-los todos. Consigo senti-los escapar por entre os dedos. E, brevemente, a respiração da minha neta e o riso do meu filho serão... nada. Sei que sentes que tens todo o tempo do mundo, mas não tens. Assim, não sejas tão indiferente. Capta os momentos da tua vida. Capta-os rapidamente, enquanto és jovem, pois, quando deres por isso, estarás velha e vagarosa. E não haverá mais momentos para apanhares. »
William Hill
"The Fifth Wheel" [ep.11, 2ª temporada]
Chamo-lhe "episódio irónico". E com um sentido de humor particularmente apurado. A aceção da palavra família parte, precisamente, do pressuposto de que todas são diferentes. Isso é um facto. Mas há certas características que poderiam tornar as famílias todas iguais: ninguém olha para o passado do mesmo ponto de vista. E, não me querendo alongar muito mais, há uma cena hilariante neste episódio que só comprova como ninguém olha exatamente da mesma forma para o mesmo momento. Há ainda a perspetiva de quem, estando por perto, assiste de fora. Falar é sempre mais fácil quando a situação não nos diz respeito. A vida é uma questão de perspetiva. E o que não falta por aí são vidas partilhadas, vividas a partir de diferentes ângulos.
« Têm 17 anos de recordações, só isso. Nunca mais terão recordações novas. Por isso, não. Não me sentei com eles para ilustrar as recordações do pai deles, falando sobre a única coisa nele que não era perfeita. »
Rebbeca Pearson
[Imagens IMDB]
"That'll Be The Day" [ep.13, 2ª temporada]
Como acontece em toda a série, de maneira brilhante, este episódio consegue enganar-nos até ao último momento. Achamos que sabemos o que vai acontecer, que não há volta a dar e depois somos inacreditavelmente surpreendidos por algo que não esperávamos. Os sonhos que nos são destruídos, as palavras de incentivo que muitas vezes precisamos de ouvir e ter em consideração. Sabermos acreditar em nós mesmos e reconhecermos o valor que temos, até quando a vida nos impede de fazer o que achávamos ser o nosso maior talento. A incrível capacidade com que nos culpamos para, de alguma forma, nos castigarmos, obrigando-nos a viver perseguidos por situações do passado. É um episódio especial. Dá a continuidade para os outros dois [que também estão nesta lista]. É fundamental sabermos ultrapassar porque só assim conseguiremos seguir em frente.
« Não pares de tentar fazer com que eu me veja da maneira como tu me vês. »
Kate Pearson
"Super Bowl Sunday" [ep.14, 2ª temporada]
Este episódio representa um fim. O fim que todos esperávamos [mas não queríamos] ver. Tinha muitas expectativas [como aliás todas as pessoas tinham] e era, exatamente por isso, muito fácil não gostar particularmente deste episódio. Todavia, tudo está tão pensado ao pormenor que não há nada que seja óbvio. Interpretações estupendas, uma realização e escrita incríveis. Não há só drama, apesar da grande tragédia que é ter um fim como o de Jack. É nessa forma inteligente da construção desta história que está o segredo do sucesso. Este episódio é aquele porque todos esperávamos e [claro está] quando achávamos que o que se seguia era previsível, deparamo-nos com uma sucessão de acontecimentos muito diferente. E os fins não são sempre marcados por essa imprevisibilidade característica?
« (...) todos os anos, no meu dia mais triste, o teu pai arranja maneira de me enviar um sinal que me faz rir desalmadamente. (...) Não sei, talvez eu só veja o que quero ver ou o que preciso de ver. »
Rebbeca Pearson
"The Car" [ep.15, 2ª temporada]
O episódio que encontra no fim a possibilidade de novos inícios. Simboliza a despedida de quem parte, mas, acima de tudo, reflete sobre a importância que devemos saber dar aos momentos enquanto as pessoas estão connosco, as histórias que podemos construir e contar juntos. Os objetos também contam histórias, relatam vidas e o valor que damos às "nossas coisas" está precisamente relacionado com os momentos dos quais elas fazem parte. Este episódio fecha um pouco o ciclo dos dois episódios anteriores. Há nestas cenas uma tentativa de ultrapassar todo o drama associado ao passado, a culpa e o peso das memórias. A existência "do" carro e a sua presença em vários momentos chave está extraordinariamente bem pensada.
« Eu não quero comprar um carro usado. O Wagoneer é que é o meu carro de família. Já estou a ver perfeitamente. É robusto, duro... Os Pearsons precisam de um carro duro, pois digo-lhe já que vai haver riscos, amolgadelas, nódoas... Muitas nódoas. Mas não faz mal, pois a cada cicatriz de guerra vai ser outra recordação. E, eventualmente, aquele carro vai contar a história da minha família ao olharmos para ele. »
Jack Pearson
[Imagens IMDB]
Tendo em consideração que adoro todos os episódios ou que, pelo menos, há uma cena em cada um que gosto sempre de rever, esta não foi uma lista óbvia ou fácil. Voltarei para falar sobre os episódios que deixei de fora. Estou com as expectativas altas para esta nova temporada. É como se estivesse entusiasmada por saber que uma parte da família, que viajou durante meses, está agora prestes a voltar. Também não teriam saudades de um Jack, um Kevin ou um Randall se estivessem todo este tempo à espera?
E este tornou-se um dos posts que mais gostei de escrever. Sentada no sofá, dividida entre o computador, a televisão e um caderno. Era capaz de me habituar a isto. Venham de lá mais episódios. Porque [só aqui entre nós] acho que esta temporada vai superar todas as expectativas. Uma série que se torna família, tem de ter algo muito especial, não é?
Carol