Este calor não é estacionamento onde queira aparcar. Fosse o veiculo movido a água salgada e areia, revirava o mundo à procura do lugar mais fresco. O mar é destino querido por muitos. Estacionam-se toalhas, chapéus, lancheiras pesadas e até tendas. A praia é parqueamento lotado por corpos que acampam ao mínimo sinal de subida de temperatura. O verão está estranho. Arrumámos as viaturas nos espacinhos que sobram, mas quando pedimos calor não pedíamos esta gorjeta. Queríamos que o termómetro se adequasse mais à época, para que a sobrevivência fosse mais consensual e, talvez, mais sensual, com menos roupa. Somos arrumadores egoístas e tivemos mais do que pedimos. Então, manobrámos os dias na mesma direção. O mundo reuniu-se em frente ao mar, a torrar na toalha, ou dentro dele, a mergulhar de nariz tapado. Pelo menos, uma boa parte deste mundo desesperado por vencer gradualmente os graus a mais. Transpirei para me juntar. Mas almas boas ainda dão à Costa e, quando dela saem em busca de uma solução melhor, cedem o lugar e o ticket de estacionamento. O calor foi moeda de troca para as moedas que não tive de gastar. Se o termómetro fosse medidor da atitude, o valor que marcava equiparava-se bem de perto ao valor que, frequentemente, se alterava no painel de controlo do carro. Ao casal que se escapuliu para o fresco do ar condicionado, depois de uma atitude tão calorosa, obrigada.
As altas temperaturas enchem parques de estacionamento, mas é na praia que se estacionam todo o tipo de veículos.
Carol