Gosto muito de fotografia. Gosto da imortalidade das imagens. Tenho uma câmara, para além da do telemóvel, mas não sou nenhuma expert no assunto. Divirto-me bastante a fotografar por aí, e pouco mais sei, mas é o suficiente. Uma das coisas que mais partilhamos com os outros hoje em dia são fotos nossas. Isso é tema que dá para explorar: o que se faz [ou deixa de se fazer] para conseguir uma "boa chapa" para partilhar nas redes sociais. E é assunto [sério] que deixo [com seriedade] para outra altura. Mas não consigo ignorar o facto de cada vez mais [nos] fotografarmos só para partilharmos com os outros um momento que, muito possivelmente, não vivemos sequer.
Prezo muito as memórias que uma boa fotografia consegue contar. E não é preciso ser muito profissional para reconhecer as características necessárias para conseguir aquela imagem que mantemos por perto [sem pensar nos likes que daria] só para avivar a memória de como é importante registar momentos [sem que para isso eles tenham de ser partilhados com o mundo]. Deixo até um convite para quem estiver por Lisboa e procure um fotografo que registe a vossa estadia na capital, um evento importante, o vosso rosto bonito e perfeito, ou tantos outros momentos à vossa escolha. A Fixando dá-vos uma bela ajuda: vocês é que escolhem, personalizam o tipo de serviço que pretendem, aqui mesmo, e depois é só sorrir para a fotografia.
Trago-vos 10 dicas sobre como tirar fotografias [uma espécie de tutorial sobre como não ganhar seguidores, nem likes, nem comentários, nem partilhas...]. A vida era assim antigamente. E as pessoas fotografavam[-se] na mesma. E eram felizes na mesma [é o que oiço dizer, eu não estava cá para ver!].
Foco no que é importante. O que, muitas vezes, é conseguido com uma fotografia desfocada. Uma ataque de riso, por exemplo, não permite uma grande estabilização da câmara, conquanto os corações estejam exatamente no lugar certo nesse momento. É aí que nos devemos focar, no significado desse desfoque bem justificado.
Omitir imperfeições sem inventar perfeições. É melhor assim. Sermos objetivos para a objetiva. Deixá-la captar o que somos, o que sentimos no momento do click. Um sorriso amarelo é sempre melhor que uma desmedida correção de cor num programa de edição de imagem.
Tirar o verdadeiro proveito do momento. Esqueçam cá essa coisa de tirar fotografias assim ou assado com o único intuito de, mais tarde, as publicarem. Na verdade, ninguém quer assim tanto saber o que comeram ao almoço que justifique deixar arrefecer a refeição só para arranjar o melhor enquadramento. Primeiro, enquadrem-se na vida que teriam como se não a vivessem para ficar bem na foto.
Olhem na direção daquilo que vos faz sentir bem. Concentrem-se no que realmente [vos] interessa. Não estou a falar de likes ou seguidores. Se gostam de números, dediquem-se à matemática. A fotografia só olha a estatísticas de sorrisos genuínos e momentos reais. Se é para partilhar, que seja em medidas justas e tendo em conta uma divisão que some memórias a quem as construiu.
Garantam a naturalidade. É considerada batota aquela foto perfeita na piscina em cima do flamingo [em que parece que até a água decidiu colaborar] sem que se faça acompanhar pela foto do momento em caíste 10 vezes antes de conseguir subir para cima daquele animal [aparentemente] inofensivo. Os melhores disparos são aqueles em que, tanto a lente como tu, têm a abertura certa para estar sem fazer pose.
Repartam os louros com quem está do outro lado. O fotografo que arranjaste, uma vez escolhido e responsável pelo disparo, também faz parte da história, ainda que não faça parte da imagem. Podem nunca se ter apercebido disso, mas a fotografia que veem é o resultado da perspectiva de quem está do outro lado. Há um autor, uma perspetiva e um significado [que pode ficar para sempre oculto, se não te atreveres a perguntar qual é].
Angulo perfeito. Não há o ângulo perfeito. Talvez haja um que nos costuma favorecer, contudo não creio que seja esse o ângulo que a vida costuma usar. Quer-me parecer que o "ângulo desprevenido" resulta melhor, dando aquele toque de realidade à fotografia. Na arte de fotografar, a régua e o transferidor não são instrumentos certos para captar momentos a 360º.
Ficar bem na fotografia. Nunca uma expressão foi tão mal inventada. Todos sabemos que não existe esta coisa de ficar bem. Quanto muito, temos uma foto em que gostamos de nos ver e que passa, por isso, a ser a nossa foto de perfil em todas as redes sociais durante 12 meses consecutivos. Até gostamos mais de ver uma pedra da calçada numa fotografia do que gostamos de nos ver a nós. Defeito de fabrico? Sim [definitivamente!]. Assim sendo, como não encontro o talão de troca, há que saber aceitar e viver com esse fardo. Fica de bem com a vida, mesmo que não fiques bem na fotografia.
Ir aos lugares que queremos ir, sejam ou não bons cenários para fotos. A luz e a cor são aspetos importantes na medida em que nos devem permitir ilustrar fundos reais, do dia-a-dia. E há muito cenário por aí que ainda não foi descoberto porque a luz do dia é flash suficiente para iluminar os olhos independentes das redes, livres de espírito e do "viral".
Aproveitar o palpável antes que se torne num papel impresso ou num ficheiro perdido num computador. Há poder numa fotografia. Porque, mesmo que seja um retrato de um momento banal, um dia será muito mais do que isso. Esse é o poder da imagem: é sempre muito mais daquilo que mostra, conta sempre muito mais daquilo que é. A fotografia faz-se de pedaços de vida, mas a vida não se faz de pedaços de fotografias que partilhamos nas redes sociais.
Lanço-vos um desafio: deixem nos comentários uma dica [pelo menos] sobre como tirar-uma-foto-que-não-é-para-os-likes. E vou até nomear alguns "vizinhos" para responderem ao meu desafio e para, se quiserem, o colocarem a outras pessoas. É importante irmos refletindo sobre temas como este. Carlota, Célia, Maria João, Hipster Chique, Chic'Ana, C.S., Joana Marques e Fátima Bento, quero muito saber quais são as vossas dicas.
Uma fotografia é algo que fica para sempre, ou, pelo menos, durante o tempo que a decidirmos guardar. É a arte de eternizar momentos. E, mais do que querermos partilhá-los com os outros, é conseguirmos ver de fora a situação em que estivemos por dentro.
Carol