Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

it's carol

Um blog sobre tudo. Sobre o que me apetecer. Acima de tudo, sobre o que sou.

26.Jun.18

Proibido levar autoestima para o Rock in Rio

Fui ao segundo dia do Rock in Rio. Ainda estou a recuperar. O pensamento está mais lento, os pés mais doridos, a voz mais rouca e a vontade de voltar a repetir a experiência é maior que nunca. Foi muito [sem exageros], muito bom! Cerca de 85 mil pessoas no recinto, dizem. Não sei quem se deu ao trabalho de andar a contá-las, mas a verdade é que sinto que atingi o auge da minha carreira como pessoa-no-meio-da-multidão ao nível de as-multidões-existem-e-têm-muita-gente-mesmo. As regras sobre o que se podia ou não levar para o festival eram restritas, contudo acho que ficou a faltar uma coisa para garantir a segurança e felicidade de cada um dos indivíduos que esteve presente. Membros da organização do Rock in Rio, pensem nisto: na próxima edição deve ficar bem explícito que está proibida a entrada de autoestima. Assim como não podem entrar garrafas de água com tampa, também a autoestima deve ficar à porta, em casa ou no carro, pelo simples facto de ficar tão baixa tão baixa que a perdemos no recinto. Querem que vos dê quatro bons motivos para a implementação dessa regra? 

 

- Agir. Com ou sem make up, arrasou em português com uma abertura no estilo que todos lhe conhecemos. Não partiu o pescoço, mas viu acontecer, durante o seu concerto, um pedido de casamento. E quem é que não gostaria de ver o seu trabalho ser reconhecido por tantas pessoas? Pôs todos a cantar as músicas que conhecemos e ouvimos por aí. Até os que estavam mais distraídos abanaram o capacete. Agir, nem na bola de cristal tinhas visto que cantarias para aquela audiência. Ai como ele é belo e soube fazer estremecer a autoestima de alguns ao mover montanhas com a Carolina Deslandes.

- Anitta. Até parecia fácil, não era? Acredito que muita autoestima ainda esteja perdida no recinto, a tentar perceber como é que se abana assim o bum bum. Pois. Metade do público feminino [para não dizer a totalidade] teve em mente todas as vezes que ficou no sofá em vez de ir dar uma corridinha. Show da poderosa Anitta, essa é a verdade. Tomara muitos saber dançar assim e ficar sempre impecável como ela estava. Chegou e arrasou. Que o digam todos os queixos caídos e os olhos esbugalhados que admiravam aqueles movimentos pouco complexos das mãos de Anitta [alguém reparou na manicure, por acaso?]. Eu queria era uns óculos de sol como os dela, com o meu nome [isso é que era estilo!]. Teve sorte a rapariga, por não ter apanhado a tempestade da semana passada. Já viram a chatice que se se fosse embora constipada? Anitta rebolou bem na cara daquele palco. Pouco ou nada paradinha, mandou abaixo muita autoestima.  

- Demi Lovato. Pensavam que a rapariga ainda era da Disney? Isso já leva anos. A rapariga é presença, voz e alma em tudo o que canta. Um vozeirão fácil também. Deve ser por isso que estou quase sem voz e fama nem vê-la. Deve ter sido o concerto que mais gente emocionou. Foi o momento clinex da noite, mas não há lágrima que não seja merecida. Sorry not sorry quer tenham chorado ou não, porque já estava escuro e a autoestima já era irrecuperável nesse momento. E não venham dizer que não queriam ter 85 mil pessoas a chorarem à vossa frente enquanto soluçavam as vossas músicas [mesmo que nunca tenham sonhado ser cantores, vocês percebem o que quero dizer!]. I really don't care, Demi estiveste "muita" bem!

- Bruno Mars. O big boss da noite. Se a perfeição existe, podem ter a certeza que ela canta, dança, toca instrumentos musicais e é um homem chamado Bruno Mars. Bruno, just the way you are nem precisavas de cantar, bastava teres aparecido. O homem faz tudo e faz bem. Rapazes, prestem atenção: sejam treasures como ele é. Se nós, mulheres, já não tínhamos autoestima, vocês ficaram sem saber o que isso é ao primeiro grito do público feminino [muito antes do concerto, quando olhámos para o cartaz]. A cada lanterna do telemóvel que se acendia, perdiam-se quilos de amor próprio. Os saltos histéricos ao ritmo das músicas eram o golpe perfeito para a escapatória do orgulho que alguma vez podemos sentir por nós próprios. Ai, Bruninho, seu ladrão de corações. 

 

Esqueçam lá a proibição das garrafas sem tampa. Eu bem disse deviam era ter avisado para deixar a autoestima em casa. Dois dias depois, ainda ando à procura dela e acho que nem no dicionário a encontro. O que vale é que a tarde/noite inesquecível compensa [muito!] a perda. 

 

Carol

 

IMG_6136.JPG

 

20.Jun.18

Sobre a 2ª temporada de 13 Reasons Why

[este post não contém spoilers, podes ler à vontade!]

 

E aqui estamos nós outra vez, na segunda temporada da série 13 Reasons Why. Uma das séries mais faladas de 2017, inclusive por aqui. Eu gostei da primeira temporada, senti que a história era envolvente e cativante. Apesar de todo o drama à volta da história de Hannah Baker, uma rapariga que se suicida e deixa 13 cassetes nas quais explica 13 dos motivos para ter cometido suicídio, apesar de todas as criticas que acusavam a série de influenciar os jovens e influenciá-los a seguirem o mesmo caminho, sempre achei que não era essa a mensagem transmitida. Creio até que, nesta temporada, ficou bem explícito que um dos objetivos da história é ajudar aqueles que precisam dessa ajuda e não o contrário.

Falemos então sobre estes novos 13 episódios. Sabem aquelas séries que não precisam de ter temporadas infinitas para serem boas? Sabem aquelas séries que fazem tanto sucesso que são criadas temporadas infinitas? Sabem aquelas séries que tinham tudo para ser boas e passam a ter tudo para deixarem de o ser? Pois, não sei se 13 Reasons Why é, assumidamente, um desses casos. Para lá caminha. Depois de ver todos os episódios, fiquei muito tempo a tentar perceber se gostei ou não, mas não consegui chegar a um consenso. A meu ver, a mudança do rumo da história fá-la perder a essência, aquilo que captou tantos espectadores inicialmente. Depois das cassestes, passamos a assistir ao julgamento de todos os envolvidos na vida de Hannah e a narrativa centra-se no assédio sexual entre os jovens. Entre outros temas, este é o que tem mais destaque e é à sua volta que se desenrola esta nova temporada. Pessoalmente, achei que estes episódios contêm algumas cenas muito exageradas. Não necessariamente por abordarem um tema tão importante e frequente como este, mas por todos os momentos se tornarem demasiado dramáticos. Ninguém é perfeito, nem ninguém tem uma vida perfeita. Contudo, creio que 13 Reasons Why, para mostrar isso mesmo, faz com que nos concentremos muito nas coisas más que nos acontecem, sem conseguirmos prestar atenção às coisas boas porque estamos muito focados na solidão e no sofrimento. Claro, a série aborda temas que devem ser debatidos publicamente, que devem encorajar as vítimas de violência, bullying e assédio sexual a denunciarem os seus casos, a ultrapassarem os seus traumas e a tentarem seguir em frente. Todos esses aspetos são referidos. Mas falta algo, eu senti que faltava algo. A realidade não é uma linha reta, mas eu quero acreditar que não é um novelo de lã que não conseguimos desenrolar.

Continuo sem saber se gostei ou não desta temporada. Fiquei um tanto confusa com algumas cenas, mas considerei relevantes tantas outras. Penso que 13 Reasons era uma série excelente para ter 13 episódios apenas. Tudo o que vier por acréscimo, já sai fora da história que prendeu milhões de pessoas [falo por mim]. Parece que está confirmada uma terceira temporada com estreia marcada para 2019. Sem Hannah Baker. Uma história totalmente diferente. Cá estarei para ver. Farei questão de comentar por aqui nessa altura. Não quero estar já a criar expectativas, mas o conceito de 13 Reasons Why fica-se pela primeira temporada.

 

Alguém que se acuse, por favor. Quero saber quem viu e o que viu. Que eu ainda estou um bocadinho confusa com tudo isto.

 

Carol

 

B48F3792-E871-4A9D-9F58-6225EE22101D.JPG

 

15.Jun.18

Portugal, Mundial, Final. Até rima.

Chegou aquele momento do ano
Em que o país se une para ver a bola.
Temos o Cédric, o Patrício e o Cristiano
Até os imaginamos a jogar sem camisola.

 

Mas a equipa não se fica por aqui,
Ao todo são 23 os convocados.
Pensava que iam levar o Nani
Afinal foram outros os chamados.

 

É na Rússia que nos concentramos agora,
A terra das matrioskas.
Para brincar às bonecas estamos de fora.
Nós queremos é ir lá fazer as nossas maroscas.

 

Até temos o Shawn Mendes a cantar para nós.
O rapaz esforçou-se muito.
Aqui só para vós,
Até acho que ele merecia um bilhete gratuito.

 

Sim, porque vamos estar na final.
Gostamos de sofrer até ao fim.
Estamos no Mundial,
O Fernando Santos é pessoa para vender um rim. 

 

Creio que se esqueceram do Éder,
Aquele ser em que ninguém acreditava.
Já não vão a tempo de retrocÉder.
Só não se esqueçam que na final do Euro era ele quem lá estava.

 

Isto é tudo muito bonito,
Enquanto ninguém falha.
Ultimamente tem sido tanto o conflito,
Que não parece um campo de futebol, mas sim campo de batalha. 

 

Todos temos esperança.
Achamos que é possível ganhar. 
Devem pensar que vai acontecer como em França,
Jogos a empatar, empatar, empatar. 

 

Não quero deixar ninguém desmotivado,
Quero acreditar que vamos conseguir.
O que seria do Ronaldo, coitado!
Tinha de encomendar outro filho a seguir. 

 

Caramba, somos 11 milhões!
A Dona Dolores e a Georgina não vão perder também. 
Isto chega até a ser visto pelo olho de Camões.
É espetáculo certo para a avô, a tia e, claro, a mãe.

 

Somos adeptos com garra e fogo.
É tempo de festa e de reunir a malta.
Certo que é fora de jogo,
Contudo, o vídeo árbitro nem vê que é falta.

Heróis do mar.
Somos as cores da nossa bandeira.
É bom que percebam que é em terra que têm que jogar,
Ao contrário, é certa a choradeira. 

 

Boa sorte, rapaziada!
Mostrem lá como é que se faz.
Deixem a malta russa extasiada,
Com esse jeitinho audaz. 

 

 

Poesia profunda. Não sei se estavam preparados para isto.

 

Carol 🍀

 

IMG_5240.JPG

 

12.Jun.18

Moedas perdidas que encontram lugares seguros

Senta-se sempre ali. Na mesinha da ponta da esplanada, onde toma um café cheio e um copo de água morna. Ali vê quem passa. A rua é estreita. Não passam carros, mas alguns tuck tucks aventuram-se na inclinação. As caras são quase sempre as mesmas, por isso ele abre o jornal na expectativa de encontrar algo novo. A textura daquelas folhas e a tinta que lhe vai marcando os dedos ao ritmo da leitura ainda é aquilo que move as manhãs solitárias. Crimes e coisas absurdas. Não perde muito tempo com pormenores. Espreita as letras gordas e acompanha as fotografias com a meia torrada que pede quando leva a leitura pela metade. Agora fala-se de tudo, fala-se demais. Todos sabem o que dizer. Ninguém sabe o que fazer. Isto já viu dias melhores. Não fosse a manteiga derretida no pão de forma e as notícias não tinham sabor. Permanece em silêncio. No futebol é mais do mesmo e a política mistura-se com outros temas. Há presidentes de tudo que não são nada e quase são presidentes do mundo. Esse também não vai melhor e já se viu em páginas mais animadas. Tanta publicidade. Da torrada já só resta o guardanapo. Do café já só resta o pires e a chávena. O copo ainda está cheio de água. É a sobremesa da manhã, a hidratação da última página. Será que ainda se compram jornais? Parece que agora já os passaram para os telemóveis. Esses malditos que absorvem pessoas. As palavras cruzadas já estão feitas, como habitualmente acontece. Não que ele chegue tarde ao café. O jornal é que, possivelmente, já leva uns dias de atraso. Ou semanas. Ou meses. Que ele não vai ali todos os dias. Que bom seria. Folhear as histórias e as imagens de pessoas. Cada vez mais trágicas, cada vez mais tristes. Que nunca o encontrem. Na certa, seria primeira página. Bebeu a água para afastar esse pensamento. Tirou as moedas do bolso. Conta certa, como sempre. Levantou-se de bolsos vazios. Talvez voltasse no dia a seguir, dali a duas semanas ou dois meses. Preparou-se para descer a rua. Quando voltasse a encontrar moedas no chão, voltaria para pôr a leitura em dia. O dinheiro não paga tudo, mas aquele que ele vai encontrando, perdido pelos turistas, paga o café, a meia torrada e um jornal desatualizado. Paga as histórias do mundo impressas num papel.

 

O que diriam as notícias de alguém que não tem nada, mas que, ainda assim, se encontra naquele lugar seguro pago com moedas perdidas?

 

Carol

 

AF37FEF4-58ED-4C64-82FA-A54F4F817F52.JPG

 

08.Jun.18

Atravessem, senhores!

Temos de falar sobre estas pessoas. Sinto que são caladas ou faladas em sussurro. E é por isso que as puxo com força em palavras que se vão acumulando deste lado do volante. Falo das pessoas que não passam a passadeira. Aquelas que se colocam de frente para a passadeira, mas que não querem passar. E não falo em preguiçosos do ginásio que se encolhem ao exercício. Falo dos que exercitam as pernas na calçada portuguesa e estacam que nem semáforos em frente às riscas pretas e brancas das estradas por este país. Quem vai sobre rodas para, para os deixar passar, e eles esticam a mão, negando determinadamente a nossa travagem. Sei que é por simpatia, para não atrasar o trânsito. Mas, já que parámos, atravessem. Saltem que nem crianças loucas por cima das riscas brancas evitando pisar as pretas. Arrastem os pés como um bebé rabugento quando vê a sua sesta interrompida. Mas passem. Não fiquem de mão esticada a abanar a cabeça enquanto pedem para que arranquemos. Nós travámos para que eles avançassem. É assim que as coisas funcionam. Também é bom pisar o risco. Qual o objetivo? Ficar a ver navios? Estão no local errado. Há sítios bem melhores para ficar a apreciar quem passa. Isto é muito característico de senhores que aparentam ter idade de quem tem netos que ainda só andam em carrinhos de brincar. Compreendo que gostem de apreciar o arranque do motor ou o som dos pneus no alcatrão. Vão para parques de estacionamento, procurem cruzamentos e rotundas. Só não nos troquem as voltas. O jogo do peão funciona noutro contexto. Neste, as regras são outras e existem para serem cumpridas. Atravessem a passadeira. Façam-nos a vontade. Também não lhes peço que se façam à estrada sem travões e sinalização. Quantos pezinhos marotos se fazem ao piso errado armados em pneus a estrear? Só quero deixar claro que podem montar a zebra do alcatrão e ficar a ver quem passa do outro lado da estrada. Não queria arrancar para piso escorregadio, mas nunca ninguém se pronuncia sobre estas simpatias que ameaçam esperar uma aberta do trânsito para passar a estrada só que afinal estão só à espera que chova para poderem usar o guarda-chuva.

 

É tema delicado? Talvez. Mas se até os cães ladram e caravana passa, estas pessoas deviam passar também.

 

Carol

 

7DA0F13D-FA6B-4487-BCAC-F26EC25B2FB3.JPG

 

04.Jun.18

6 questões que coloco enquanto estudo

Nos últimos dias, tenho passado demasiado tempo sentada em frente a uma secretária a preparar-me [nem que seja psicologicamente] para os exames da faculdade. Isso fez-me reparar que me torno uma pessoa que se questiona imenso enquanto estuda. E agora vocês estão a pensar que eu me questiono se estou a estudar bem ou se estou a estudar o suficiente. Então, aviso já, estão redondamente enganados. As perguntas surgem umas a seguir às outras e, às tantas, o meu cérebro é a versão barata [e muito confusa] de Quem Quer Ser Milionário. E o resultado é mais ou menos este:

 

- Conseguirei adivinhar, entre estes 20 temas, quais são os dois que vão sair no exame? Hum, é impossível o professor não ter as suas preferências. Será que escolhe os seus preferidos ou os mais difíceis para nos tramar? É melhor estudar todos bem. Mas ainda me faltam dezanove temas e já só me apetece desistir da faculdade. Vá, vou estudar pelo menos os quatro primeiros e depois estudo a conclusão dos outros dezasseis. Ou será que basta ler a conclusão de todos? Valerá mesmo a pena ir ao exame?

- Qual é a probabilidade de acontecer alguma coisa que evite a realização do exame? Pode acontecer qualquer coisa no caminho até à faculdade, pode alguém sentir-se mal, pode haver algum problema com os enunciados ou o mundo pode acabar. Sim, ninguém está livre. O mundo pode mesmo acabar. Podiam era avisar antes se estiver previsto isso acontecer porque evitavam com que se perdesse este tempo a estudar. Se calhar nem vale a pena estar tão dedicada, não vá acontecer alguma coisa e, no final, não há exame para ninguém. 

- Há quanto tempo estou aqui a estudar? Devo estar nisto há um bom bocado. Já me sinto cansada. Será que o cansaço já é de ontem? Ontem estudei bem. Durante quantas horas estudei ontem? Se calhar, já fazia uma pausa. Ou valerá a pena continuar até desfalecer? Quanto tempo exige esta matéria? Também não é preciso desfalecer aqui. Vou dar uma volta pela casa para esticar as pernas. Cinco minutos no sofá nunca fizeram mal a ninguém. Mas só cinco minutos, não mais do que isso. 

- O que é que será que os meus colegas estão a fazer neste momento? Estarão a estudar também? Ou será que já estudaram isto no mês passado e agora estão a dormir? Mas se eles estão a dormir eu também posso não estar a fazer nada. Gostava tanto de saber se sou a única a marrar nisto ou se eles também estão a sofrer como eu. Devia ir perguntar no grupo. E se eles não respondem? Isso significa que estão a dar forte e feio na matéria e eu perdi 30 segundos a mandar uma mensagem para que pudéssemos deprimir juntos?

- Onde é que eu deixei o telemóvel? Toca a procurar. Virar a secretária do avesso, o que resulta sempre em baralhar as folhas dos apontamentos, deixar canetas caídas no chão, carregar numa tecla aleatória do computador e apagar o documento em que estávamos a escrever. Na secretária não está. Onde pode estar mais? Eu nem sequer preciso dele agora, é só para me certificar que o tenho por perto. Vou só procurar pela casa toda e chegar à conclusão que ele sempre esteve no bolso. 

- Como é que será que está aquele colega de turma do 4º ano com quem não falo desde essa altura? É fácil. Acho que ainda me lembro do nome. Vou ao instagram e dou mega stalk nas fotos. No entretanto, perco dois dias de vida a fazer scroll no instagram e acabo a ver vídeos de pessoas a caírem, aquele clássico de 2010. Volto ao colega de mesa do 4º ano. Está tão diferente. Forte reflexão sobre como a vida era fácil. Nessa altura a nossa maior preocupação era saber de cor todas as letras de Morangos com Açúcar. Ah, Morangos com Açúcar... Ouvi dizer que estão a repetir a série na televisão. Correr para a televisão e ficar a ver a repetição de uma série que já deu quase no século passado. E, sim, volto a ter 10 anos. E, sim, entretanto já desisti da faculdade porque voltei a ser criança. 

 

A capacidade do cérebro dispersar é desconcertante. Não me digam que estou sozinha nisto. Já fiz a minha pausa, vou voltar à bolha. Só mais uma questão: numa escala de 0 a Bruno de Carvalho, quanto é que eu estou a precisar de férias?

 

Carol

 

IMG_4478.JPG

 

Pág. 1/2