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it's carol

Um blog sobre tudo. Sobre o que me apetecer. Acima de tudo, sobre o que sou.

30.Abr.18

6 Tipos de Alunos que Encontras na Universidade

A universidade tem-me proporcionado muitas experiências. Uma delas [pessoalmente, uma das que mais gosto] é observar as pessoas que me rodeiam. Seria capaz de fazer tantas listas. Hoje trago esta: 6 Tipos de Alunos que Encontras na Universidade. Reconheço-me em algumas características. E creio que muitos dos que estudam na universidade [ou que já por lá passaram] também se reconhecem ou conhecem alguém assim. A questão é: como prestar atenção às aulas se tudo à volta é motivo de distração? 

 

Venha de lá essa lista:

 

O familiar. Pessoa mais velha [bem mais velha que a maioria dos alunos] que decidiu investir na sua formação superior. Tem muita experiência de vida. E [quase sempre] tem uma vida secreta fora dali. É casada e tem filhos. Está noutro patamar. É provável que tenha também um trabalho numa outra área qualquer. É, aparentemente, despreocupada, mas está muito focada em terminar o curso no qual se meteu [sem saber bem como]. Esta pessoa tem a tendência de tratar os mais novos [ou seja, todos os outros colegas curso] de uma forma maternal [como, na verdade, qualquer familiar faz nas ocasiões em que as famílias se reúnem]. 

O desaparecido. Pessoa misteriosa que falta sempre na primeira semana de aulas. Vai aparecendo discretamente e consegue não criar muitas ligações com os outros. Nos trabalhos de grupo é sempre aquele nome que sobra na lista da turma. Ninguém a vê chegar ou sair. Aliás, ninguém a conhece, por isso ninguém dá pela sua falta. Esta pessoa nem chega bem a ser uma pessoa porque nunca se lhe associa um nome ou uma cara. Desaparece sempre mais do que aparece. 

O baldas. Aquele clássico. Aquela pessoa que encontras em todo o lado [não só na universidade]. É bastante popular entre os alunos. Começa os semestres sempre uma semana depois de todos os outros. Falta sempre à primeira aula do dia [quer esta seja às oito da manhã ou às seis da tarde]. Tem sempre mais que fazer e por isso não se preocupa muito em estar presente. Isto, claro, até perceber que está prestes a chumbar por faltas. A partir desse momento [de consciência], não falha uma aula, chegando sempre com meia hora de atraso. Não é uma pessoa discreta. A sua presença deixa sempre os outros surpreendidos. 

O segunda tentativa. Pessoa dois/três anos mais velha que desistira de outro curso [completamente diferente] a meio. Já tem alguma experiência no mundo universitário. E possivelmente não irá ficar por ali. Traz traumas do passado. Faz comparações baseadas na sua experiência anterior com bastante frequência. Em segredo, considera-se um profissional da universidade. Perante todos os outros, tem-se como alguém inteligente e estudioso. Na verdade, ainda não sabe bem se é aquilo que quer. Assim, é possível que tenha como lema de vida: à terceira é de vez.  

O deixa andar. A descontração em pessoa. A vida é para ser aproveitada. A universidade é só mais uma atividade no meio de tantas outras. O que fica por fazer agora, faz-se depois. Há mais semestres e há mais tempo. No geral, as coisas até lhe costumam correr bem. Prazos cumpridos no limite, estudo feito na véspera. Esta pessoa falta quando lhe apetece [porque pode!]. Consegue sempre manter o equilíbrio. O futuro não é agora, por isso não é um problema. Aliás, pouca coisa é um problema [e a universidade não é uma delas]. A sorte está, normalmente, do seu lado. A coisa vai-se fazendo. O importante é ter saúde.

O inocente. Pessoa que não perde uma aula. Cumpre à risca todos os prazos. Estuda diariamente, seguindo à letra a bibliografia recomendada pelos professores. Nem mesmo 40º de febre a impedem de faltar. É uma pessoa extremamente pontual. Abdicou de ter uma vida pessoal [desde o momento em que soube que entrou para a universidade, ou então desde que começou a primária, depende do nível de inocência de que estamos a falar]. Esta pessoa acredita que aquele curso a prepara para a vida profissional. Nop, não é um aluno dedicado. É, simplesmente, um aluno inocente.

 

 

Podia continuar. E há tanto por onde continuar. Sugestões? Identificam alguém ou não se querem acusar?

 

Carol

 

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23.Abr.18

Meias perdidas, meio escondidas

Deixei as meias no fundo da cama. Estão lá. Debaixo dos lençóis esticados e do edredão puxado para cima antes de sair de casa. A cama está feita e as meias estão lá. Perdi-as a meio da noite passada. Estão perdidas, mas sei onde estão. E não podiam estar num lugar melhor. Que as manhãs ainda começam frescas e os finais de tarde dão o mote para noites invernosas. As tardes ainda não se decidiram. Faz sol, faz chuva e faz aquele tempo que nem é tempo nem deixa de o ser. Os pés ainda se querem quentes porque os sonhadores são exigentes e têm o direito de sonhar aconchegados. Não se pisam sonhos com um calçado qualquer. Mas também não há pés de fada que não se queiram bem cobertos antes de cair no sono profundo. E assim se aprofundam sonhos. Levantando os pés da terra, mergulhando-os debaixo dos lençóis, lado a lado com as meias que ali estão desde a noite passada. 

 

Tudo está no lugar certo. Até mesmo as meias perdidas, meio escondidas. Não há noites dormidas a meias medidas.

 

Carol

 

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20.Abr.18

Às páginas tantas [#5]

E agora que este sol maravilhoso apareceu? E agora que começa a pressa de publicar uma fotografia com os pés na areia? Nem sequer está tempo para sair de casa sem um casaco fininho, mas cada um sabe de si. E eu sei que não há nada melhor que virar as páginas de um livro acompanhada por uma boa dose do clima primaveril. Hoje trago três sugestões que esperavam na prateleira pelo meu tempo e por este nosso bom tempo. Voltei a Nora Roberts e às suas trilogias [como já fizera aqui]. Desta vez, apresento-vos: Caminhos do Amor, Terra de Sonhos e Dias de Esperança. Os livros apresentam-nos a vida dos três primos O'Dwyer e a ligação mágica que os une, a mesma que vai mudar por completo os caminhos que planeavam seguir. Há mistério, amor e proteção. Há o risco de não conseguir pôr fim a uma maldição que pode ditar o fim deles e de todos os que os rodeiam. Não tenho particular afeição por obras de fantasia, bruxas e feitiços. Contudo, estão presentes boas doses de realidade e fantasia, fazendo com que a trilogia tenha a poção certa para que viremos as páginas a um bom ritmo à procura do fim. Que é também aquilo que Iona, Connor e Branna procuram. E a união faz a força, apenas e só quando é sincera, respeitada e desejada por todos. Gostei. Gostei tanto que corri para comprar o terceiro livro logo no dia seguinte a ser publicado [li os dois primeiros no verão passado]. 

 

Às páginas tantas, as histórias mágicas são sempre aquelas que nos fazem querer continuar a virar a página para que o livro só se feche no final, depois de já nos ter enfeitiçado. E desse lado, aconselham alguma poção?

 

Carol

 

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[para verem as minhas sugestões de leitura anteriores basta clicarem aqui!]
16.Abr.18

Não censuro quem olha lá para fora

Estou a assistir a uma apresentação oral de História Contemporânea. Na verdade, quando estiverem a ler isto já estou fora desta sala onde viajamos no tempo. Apresentações orais são, por norma, sinónimo do sentimento quero-sair-daqui-não-quero-estar-aqui. Tanto para quem as faz como para quem assiste. Esta é sobre a História de Portugal, os tempos de repressão e censura de Salazar. O tema é abordado por 8 olhos rasgados que se escondem atrás de folhas impressas e sublinhadas com cores fluorescentes. A história deles pertence mais a Macau do que aqui, mas eles fazem o esforço. Até agora tirei poucos apontamentos. Prefiro vê-los aqui do fundo desta sala cheia de cabeças desinteressadas, porém um tanto curiosas para saber como se saem  geografias distantes quando estudam acontecimentos que moldaram o nosso mapa. Mas eles avançam. Nervosos, como quem pisa um território desconhecido contundo, nem por isso, menos preparado com antecedência. Leem a matéria num português arrastado, numa troca divertida entre os L's e os R's. Completam as frases com o melhor vocabulário que conseguem e esforçam-se para serem compreendidos. É isso que me cativa, mais do que a matéria em si. E não deixa de ser interessante observar o medo e, ao mesmo tempo, a diversão. Parecem realmente divertidos. Ou são apenas gargalhadas nervosas. Não importa. O tema é pesado e quem o conhece dos manuais de História da escola tem consciência disso. Para eles, talvez não passe disso, de História sem história.

Está cada um por si, cada um desliza para o "palco" quando chega a deixa sobre a qual deslizou um qualquer marcador. Os outros três mantêm-se afastados, encostados à janela. É aí que reparo que um deles espreita lá para fora, com a testa encostada ao vidro, como se não acontecesse nada cá dentro. Chega a sua vez. Faz a sua parte e regressa para perto da janela, concentrando-se no que está lá fora. Não sei o que vê ou no que pensa. Talvez no seu sitio, na sua casa. Talvez no final da aula. Ou talvez em nada. É mais isso que parece. Que olha apenas para a rua. Está a chover, reparo agora. Mas, lá fora, há liberdade para trocar as letras, para poder falar no dialeto que quer e sobre o que quer. Por enquanto, sabe de cor as datas e as políticas de um regime que foi implementado noutra língua, impedindo-a de dizer tanto.

Agora, ouvimos as apreciações do professor contudo, eu continuo a ver a imagem daqueles olhos rasgados debruçados sobre a janela enquanto se discutia aquilo que o Lápis Azul em tempos não permitiu discutir. Havia na sua expressão a coragem de querer ser livre num mapa que se alinhou de acordo com as repressões e as liberdades. Quem não quer? Quem o pode censurar por olhar lá para fora? Não é isso que fazemos sempre? Não é para lá que olhamos quando nos querem prender cá dentro? Não são as janelas um símbolo de liberdade em qualquer lugar do mundo?

Mesmo que para contemplar o nada. Mesmo que para procurar a forma correta de ler os erros que a ditadura cometeu. "Portugal é grande", ouvi eu, mais do que uma vez durante esta apresentação. Sim, somos um país que sabe orientar os olhares na procura de mais. E, sim, somos um país grande o suficiente para receber outras Histórias, dando novas coordenadas na construção de uma História com um futuro livre cheio de grandes histórias para contar. Que haja sempre uma janela para onde possamos olhar livremente. 

 

Lá fora ainda chove. Não seria disso que Salazar precisava? De apanhar uma grande molha para refrescar as ideias?

 

Carol

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11.Abr.18

Quem são eles, os que dizem que vai chover?

"Eles dizem que amanhã chove". "Eles dão mau tempo para amanhã". Têm dito, têm dado. "Eles". Os da meteorologia? Os que "escolhem" o tempo? Os que organizam a direção do vento? Os que escolhem os valores da temperatura? Quem são "eles"? Esses que têm tirado as nuvens da gaveta desarrumando-as no céu. Esses que o pintam de azul forte ou de um cinzento escuro. Esses que têm feito do sol prisioneiro. Todos os acusam a "eles". Contudo, ninguém assume a culpa. Ninguém põe as mãos no fogo para os defender. Às custas disso, pomos todos a pata na poça. É aborrecido. E, já que são "eles" que ditam as regras, ao menos que se saibam organizar. O ano tem estações e, mais ou menos como no universo dos transportes públicos, acho que o veículo avariou na estação errada. Devíamos estar na estação Primavera. Mas não. "Eles" falam como se tivéssemos ficado retidos na estação Inverno. Tenho bagagem para avançar e muita vontade que as portas se abram numa saída onde a meteorologia é quente, mais seca e luminosa. Mesmo quando "eles" dizem ou dão mau tempo, esqueço-me sempre do guarda-chuva em casa. Alguém que assuma a culpa. Ou alguém que pare de pôr a culpa "neles". Quem anda à chuva molha-se, já percebi que não há ditado popular mais certeiro. É altura de avançarmos. "Eles" que parem de dar más notícias. E nós que percebamos que não há "eles". Mas também não sei quem há. Há é tempo para vir o bom tempo.

 

Já agora, o que dão "eles" para amanhã?

 

Carol

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06.Abr.18

20 anos e memórias de uma vida sem preocupações

Hoje faço 20 anos. Sou de uma geração bastante privilegiada. Eu vejo Inspetor Max quase desde o momento em que nasci e há episódios que sei quase de cor. Quem não sabe? Os 104 episódios da série estão em exibição há mais de 10 anos. Acompanhei todas as temporadas de Morangos com Açúcar com direito a Férias da Páscoa, Férias de Natal, Férias de Verão e "Episódio Especial Passagem de Ano". Por causa disso criei falsas expectativas sobre o que seria o meu percurso escolar. Eles eram rebeldes, as escolas estavam constantemente em risco de fechar, o que se resolvia sempre com um musical no final de cada período. E havia sempre um bar, uma Associação de Estudantes e uma banda de sucesso. Ah, que saudades de comprar os CDs com cheiro a morango. Por falar em música, acho que ainda sei de cor as da Floribella. E a deceção que foi quando o Fred morreu? Se não sabiam, desculpem, mas na altura isso nem sequer era considerado spoiler. Eu tive MSN Messenger e sei bem a emoção que era alterar o fundo da conversação. E a rebeldia que era mandar um "abanão" à pessoa com quem falávamos? Eu passei pela moda do nokia 5200, branco e azul, o meu primeiro telemóvel a sério. Dava sempre uma dorzinha quando perguntava "és 96?" e a resposta era "não, sou 91". O saldo acaba em três tempos. Tive uns ténis com luzinhas, um tamagochi e joguei Snake naqueles telemóveis com o ecrã verde. Eu li vários Diários de Um Banana e passeei Bichinhos-da-Seda em caixas de sapatos. A Disney Channel tinha os melhores desenhos animados e eu tinha todos os DVDs dos meus filmes preferidos. Lembro-me das primeiras músicas que descarreguei para o telemóvel - Britney Spears [era a Anitta daquela altura]. E, entre o grupo da turma, o poder que dava ter o meu próprio mp3 com músicas descarregadas diretamente do youtube. Ainda tenho guardadas as bolsas para os CDs estarem protegidos. 

 

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A minha única preocupação era conseguir fazer tudo ao mesmo tempo. E havia sempre tempo para mais. Só me esqueci que as coisas não duram para sempre. Dizem que o que é bom acaba depressa. Nunca disseram nada mais certo. Eu queria crescer, queria ser adulta, mas também queria continuar como estava. Pouco preocupada, pouco consciente de que era feliz com tão pouco. E aqui estou agora, no dia do meu aniversário. São os 20 anos que sempre sonhei fazer. É um número bonito. E é o tempo que tenho tido e que não poderia ter aproveitado melhor. Tenho mais responsabilidades, mais consciência de uma vida adulta que se vai revelando aos poucos em pequenos pormenores. Os dias não são sempre bons, nem tudo corre sempre bem, nem sempre sou como gostava de ser, mas até os desenhos animados mais perfeitos da Disney passavam por dificuldades e até a Floribella tinha de falar com as árvores para se desenrascar. Se há uma coisa de que estou constantemente a querer lembrar-me é que pensamentos positivos atraem coisas positivas. E, bolas, todos estes anos tenho tido o privilégio de estar rodeada de coisas e pessoas positivas! Não poderia estar mais grata por isso. Agora, com 20 anos, estou mais do que pronta para aproveitar a vida. O tempo não volta atrás, por isso é aproveitar enquanto ele anda para a frente a toda a velocidade. Quero continuar feliz. Quero continuar a criar memórias. Mesmo que isso implique chamar Pipo ao João Catarré. Há coisas que nunca mudam [e ainda bem]. 

 

No meu tempo é que era bom. Já tenho idade para poder dizer esta frase?

 

Carol

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