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it's carol

Um blog sobre tudo. Sobre o que me apetecer. Acima de tudo, sobre o que sou.

23.Dez.17

Carta ao Filho do Pai Natal

Querido filho do Pai Natal,

 

Sei que nunca ninguém se lembra de ti. Tu que sofres quando todos os outros filhos estão felizes por terem o teu pai [e a tua mãe] numa das noites mais importantes do ano. Tu que ficas sozinho [e possivelmente congelado] nas noites frias da Lapónia. Tu que só reúnes a família quando todos os outros já festejaram a data. Lembrei-me de ti. Ninguém, para além de ti, se pode gabar de ser filho do Pai Natal. Mas também ninguém, para além de ti, teve o azar de ser filho da única família que distribui os presentes [fora de casa] nesta altura. É que nem sequer podes ficar com as renas porque elas também fazem parte do negócio. Deve ser triste. Por isso, este ano acho que devias vir cá para casa. Conhecias a família, estavas [certamente] mais quentinho, com sorte ainda recebias alguma coisa e passavas um natal acompanhado. A ver pela barba branca do teu pai e pela mini-saia da tua mãe [eles têm quantos anos de diferença mesmo?] tu deves ter [mais coisa menos coisa] a minha idade. E bem vistas as coisas, ter o Pai Natal como sogro deve ter algumas vantagens [imagino o dinheiro que ele recebe por cada anúncio que faz!]. Ainda te procurei no instagram, mas não te encontrei. A rede na Lapónia deve ser fraca. Queria ver uma foto tua. Não que a aparência seja uma coisa importante, é só porque se fores bonito é mais fácil imaginar-te com o gorro vermelho e branco. Deduzo que da junção de um pai natal e de uma mãe natal tenha saído [no mínimo] uma bela prenda [com um belo embrulho]. Claro que temos de nos conhecer melhor. Acho que a noite da consoada seria um bom momento para isso. Já agora, também queres ser pai? E depois, nessa altura, quando o teu pai for avô, vais passar a ser pai natal? Não sei se estou preparada para ser mãe natal. Na melhor das hipóteses podemos manter o negócio da tua família e renovar alguns conceitos, o que achas?

Este natal não estás sozinho. Espero-te por cá. Tenho-me portado bem, por isso a minha morada deve constar no sistema do teu pai [dá uma espreitadela e vem cá ter, ele não vai levar a mal!]. Temos bacalhau para o jantar, a família reúne-se, a árvore lá está no sítio do costume e o resto é conversa [muita conversa!]. Com um bocadinho de sorte ainda te cruzas com os teus pais [eles costumam passar por cá e deixar umas coisinhas debaixo da árvore]. 

 

Faz uma boa viagem. Queres que te vá buscar ao aeroporto ou tens o teu próprio trenó? Fica o aviso que arranjar estacionamento aqui é complicado. Fico à tua espera,

 

Carol

 

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11.Dez.17

Como lidar com aquela pessoa que acha que sabe sempre tudo sobre tudo

Todos nós conhecemos uma pessoa que acha que sabe sempre tudo sobre tudo. Aliás, tu considera-te uma pessoa com muita sorte se só conheceres uma pessoa assim. A verdade é que elas andam por aí espalhadas [e não são poucas!]. E ainda mais verdade do que isso é que dá sempre vontade de dizer umas quantas coisas a essas pessoas, no entanto esquece, elas como pensam que sabem sempre tudo já nem querem ouvir nada do que tu tens a dizer. Então estas [tentativas de] dicas são para ti e para mim que tens de lidar com a pessoa-sabe-tudo-sobre-tudo-e-acima-de-tudo-e-de-todos:

 

1 - Sê paciente - mesmo que isso te custe muito. Quantas vezes não te apeteceu mandar a pessoa para um sitio? Tipo à mer...vilhosa cidade que existe a uns bons quilómetros da tua, não é? Aguenta. Ainda que, no momento não pareça, vai ser bom para ti conseguires manter a calma perante um ser que sabe sempre mais do que tu. Um dia, numa hora [ou até mesmo num segundo], o mundo dará uma volta tão grande que virará do avesso a vida dos que sabem sempre tudo.

2 - Aproveita o [teu] silêncio - mesmo quando à tua volta só há barulho e muito [uiiii tanto!] conhecimento sobre tudo, todos e mais alguma coisa. Quem muito fala pouco acerta e às vezes [mesmo que seja difícil suportar] o melhor é ficar a ouvir as grandes pérolas de sabedoria que algumas bocas pronunciam no topo do seu elevadíssimo nível de conhecimento. Abstrai-te do ruído e percebe que o silêncio [aquele que impões a ti próprio quando na verdade só te apetece mandar a outra pessoa dar uma volta] é música para os teus ouvidos. Não oiças tudo o que os sábios-mais-sábios-que-os-sábios dizem, metade não se aproveita e a outra metade é demasiada informação para um ser inútil e inculto como tu e eu apreender.

3 - Acrescenta sapos às tuas refeições - Verdade. Sapos, aqueles animais fofinhos que saltam por aí. Não faço ideia se contribuem de alguma forma para a dieta do ser humano, mas não tenhas dúvidas de que este bichinho te vai manter na linha quando aprenderes a engoli-lo. Tarefa difícil, eu sei. Há sapos e sapos. Há sapos que nos escapam antes de nos chegarem à boca. Depois há os outros. Mais pequenos e insignificantes [como são as pessoas que os libertam]. Esses vão descer essa garganta a toda a velocidade. Faz por isso e vais ver que há coisas piores.  

4 - Nunca permitas que te inferiorizem. - O facto de seres paciente, permaneceres em silêncio e engolires uns quantos sapos de vez em quando não tem de fazer de ti alguém inferior. Não és menos que ninguém. Nunca. Nem ao lado da pessoa mais inteligente do mundo. Muito menos ao lado daquela que se faz passar por isso. Não recorras à violência, mas bate o pé [no chão] quando for preciso. Não te faças passar por alguém que não és, mas passa-te quando tiver de ser. Não desças ao nível de alguém que nem sequer tem nível porque, se a vida fosse um jogo, os batoteiros eram expulsos à primeira tentativa de romper as regras. Tu também sabes muito [e talvez mais], tu também tens uma palavra a dizer, tu também tens razão, tu também tens o direito de viver sem ter de estar sempre a mostrar ser alguém que não és. 

5 - Fica feliz por ti. Por não seres a pessoa-sabe-tudo-sobre-tudo-e-acima-de-tudo-e-de-todos. Mas que, efetivamente, sabe sempre o que tem de saber. Uma das melhores coisas que podes fazer [e que estas pessoas de quem tenho falado não sabem] é manteres-te no teu devido lugar. 

 

Para ti, que estás a ler isto, espero que tenhas percebido o meu lado. Assim sendo, obrigada por seres tu próprio. Por não quereres ser o mundo [nem por quereres que o mundo seja teu]. Ainda há espaço para todos [inclusive para pessoas-sabem-tudo-sobre-tudo-e-acima-de-tudo-e-de-todos]. Mais dicas desse lado? Quero saber tudo porque nunca é demais saber tudo sobre quem tudo sabe. 

 

Carol

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