Os sonhos andam para a frente quando sonhas de pé.
Sou uma sonhadora compulsiva. Tenho sonhos. Muitos. Alguns esqueço, outros estão constantemente na minha memória. Os primeiros [aqueles que esqueço] costumam aparecer à noite e desaparecem ainda antes de os poder tapar com os lençóis enquanto faço a cama. Os segundos [aqueles que a memória não apaga] aparecem de dia e adormecem comigo depois de o sol se pôr. Sonho com muito. Sonho que fujo, salto, corro, rio, choro, estou sozinha, acompanhada, em casa, na rua, na faculdade, num sítio que nunca vi, rodeada de caras que muito me dizem e de outras com as quais nunca me cruzei. Sonho com tanto que acho que é por isso que não me lembro de todos os sonhos que tenho, mas tenho-os. E aqueles que não esqueço são os que movem os meus dias. Os outros preenchem as noites, ocupam-me durante horas e chegam a deixar-me cansada. Agora que penso nisso, são esses os sonhos que esqueço, não os sonhos que tenho. Ainda que os divida, sonho sempre até a imaginação permitir. É por isso que uns se ficam pela calada da noite e os outros ganham voz nas rotinas diurnas. Os sonhos empurram-nos para experiências incríveis. Cabe-nos escolher cair ou voar com o impulso. Muitas vezes tenho sonhos que não passam do conforto da almofada, do corpo adormecido na cama. Mas é no acordar que tudo se torna real. Porque é mais desafiante sonhar de pé e concretizar sonhos de olhos abertos. Porque os sonhos abrem-nos os olhos e incentivam-nos a querer ver sempre muito mais longe. De olhos fechados, todos sonhamos, mas o mundo é feito de pessoas que [felizmente] arriscam sonhar de olhos abertos.
Dormir sobre os sonhos que nos fazem querer levantar e pôr os pés no chão. É isso que move a vida [de todos aqueles que, em algum momento, sonham].
Carol