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it's carol

Um blog sobre tudo. Sobre o que me apetecer. Acima de tudo, sobre o que sou.

27.Set.17

Os sonhos andam para a frente quando sonhas de pé.

Sou uma sonhadora compulsiva. Tenho sonhos. Muitos. Alguns esqueço, outros estão constantemente na minha memória. Os primeiros [aqueles que esqueço] costumam aparecer à noite e desaparecem ainda antes de os poder tapar com os lençóis enquanto faço a cama. Os segundos [aqueles que a memória não apaga] aparecem de dia e adormecem comigo depois de o sol se pôr. Sonho com muito. Sonho que fujo, salto, corro, rio, choro, estou sozinha, acompanhada, em casa, na rua, na faculdade, num sítio que nunca vi, rodeada de caras que muito me dizem e de outras com as quais nunca me cruzei. Sonho com tanto que acho que é por isso que não me lembro de todos os sonhos que tenho, mas tenho-os. E aqueles que não esqueço são os que movem os meus dias. Os outros preenchem as noites, ocupam-me durante horas e chegam a deixar-me cansada. Agora que penso nisso, são esses os sonhos que esqueço, não os sonhos que tenho. Ainda que os divida, sonho sempre até a imaginação permitir. É por isso que uns se ficam pela calada da noite e os outros ganham voz nas rotinas diurnas. Os sonhos empurram-nos para experiências incríveis. Cabe-nos escolher cair ou voar com o impulso. Muitas vezes tenho sonhos que não passam do conforto da almofada, do corpo adormecido na cama. Mas é no acordar que tudo se torna real. Porque é mais desafiante sonhar de pé e concretizar sonhos de olhos abertos. Porque os sonhos abrem-nos os olhos e incentivam-nos a querer ver sempre muito mais longe. De olhos fechados, todos sonhamos, mas o mundo é feito de pessoas que [felizmente] arriscam sonhar de olhos abertos.

 

Dormir sobre os sonhos que nos fazem querer levantar e pôr os pés no chão. É isso que move a vida [de todos aqueles que, em algum momento, sonham].

 

Carol

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22.Set.17

Os marcadores das páginas que fazem histórias

Tenho muitos marcadores de livros. Uns utilizo, outros guardo em gavetas. Mas nunca os repito. Muitos livros já trazem o seu próprio marcador, mas quando não é esse o caso e quando [entre todos os que tenho] escolho um e o coloco [pela primeira vez] numa página, tenho a certeza que ele jamais conhecerá outra história. Os marcadores nada mais fazem do que auxiliar a nossa memória e garantir que depois dos instantes em que abandonamos a história, regressamos exatamente onde ficámos. Mesmo que o nosso cérebro ainda esteja noutro momento da história, para nós ela ficou ali, colada àquele marcador. E cada marcador agarra-se às páginas de um livro como pode [ou como nós deixamos]. Alguns ficam por pouco tempo, outros saem rapidamente. Mas ajudam-nos a evitar as repetições ou a saltar partes importantes da narrativa. Os marcadores relembram-nos o sitio certo, onde o abandonámos, onde decidimos parar. E não é assim também na vida? Não vamos querendo saltar páginas ou voltar a repetir alguns momentos da nossa história? Os marcadores da vida, esses, são ditados pelo calendário, pelo presente do dia em que estamos, a página da qual não podemos fugir. E há dias que marcam as nossas páginas. 

 

Quando termino um livro, tenho a mania de colocar o marcador na primeira página. Porque as histórias contam-se do principio. E há histórias às quais vale a pena voltar. É por isso que coleciono marcadores, para poder marcar as páginas com o ritmo a que cada história tem direito.

 

Carol

 

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20.Set.17

Às páginas tantas [#4]

Logo após ter terminado a leitura de Corações na Escuridão, a editora Castor de Papel enviou-me Amor às Claras. Os títulos dizem muito sobre os dois livros. Depois de Makenna e Caden se apaixonarem na escuridão de um elevador avariado,  decidem testar os seus sentimentos à luz do dia. Uma história de amor marcada pela união de duas vidas que escolhem sempre o lado diferente do interruptor, se por um lado Makenna é a luz, Caden é a escuridão. O que fala mais alto: o amor ou o medo? Caden vive assombrado por uma história que guarda para si. Estará disposto a enfrentá-la e a partilhá-la com Makenna, a mulher por quem se apaixona? É um livro com ritmo e com história. É um livro que nos sufoca por não conseguirmos fazer nada para ajudar os dois protagonistas a não ser ler ler e ler para chegar ao final. Se tinha gostado do primeiro [olhando para ele apenas como um aperitivo para uma grande história], adorei completamente o segundo. Até que ponto estamos dispostos a ultrapassar os nossos medos para conseguirmos amar os outros? Até que ponto, antes de amarmos os outros, estamos dispostos a ultrapassar as nossas próprias barreiras para nos amarmos a nós próprios? Depois de Corações na Escuridão, Amor às Claras foi uma enorme surpresa! 

 

Às páginas tantas, a vida com luz é muito mais surpreendente do que a escuridão onde muitas vezes nos deixamos cair por não permitirmos aos outros carregarem no interruptor. A vida é muito melhor quando estamos rodeados de pessoas que gostam de nós.

 

Carol 

 

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18.Set.17

Ainda sei olhar para o calendário

Ainda no ritmo lento do regresso às rotinas, apercebi-me que a memória falha em coisas simples. Uma delas no calendário. Já não me lembrava o que era dividir a semana em dias, nem os dias em horas. Reavivo agora a memória e [no mesmo calendário onde há um mês ser segunda ou sexta-feira tinha exatamente o mesmo significado] reaprendo a viver as sextas e a sobreviver às segundas. Já não sabia qual era a sensação de  ser quarta-feira, a metade, o meio-da-semana, o o-fim-de-semana-está-quase-aí. Nem me lembrava do sabor salgado de um domingo à noite [distanciado a apenas umas horas da segunda-feira que nos espera] ou de uma doce manhã de sábado. Não me lembrava sequer do que era ignorar as terças e as quintas, aqueles dois dias que estão ali só para encher a semana. Para não falar do sono, que começa a ficar sincronizado com a hora a que tenho de adormecer para garantir que vou conseguir manter-me de pé no dia seguinte. Acho que estou a conseguir voltar a olhar para o calendário com olhos de ver e, apesar das férias nos enfraquecerem a memória, vincam-nos a lembrança dos dias que se unem, das noites com poucas horas, de ser sábado eternamente. 

 

Mas a segunda-feira está aí. Vamos dar-lhe uma oportunidade para mostrar que a semana vai valer a pena!

 

Carol

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08.Set.17

Regressar às páginas da nossa história

O verbo regressar acrescenta ritmo à nossa narrativa. Nem que seja o ritmo acelerado dos dias preenchidos depois da lentidão dos dias demorados. Regressar devolve à nossa história os rostos familiares, os locais habituais e os sentimentos complexos. Fica sempre a vontade de fugir pouco tempo depois de se regressar. Mas não há escapatória que receba melhor os corações que os reencontros, onde os encontros deixaram umas virgulas há uns tempos. E a saudade apaga-se devagar para que se escreva depressa tudo aquilo que há para contar. É reconfortante percebermos que há pessoas e lugares que desenham tão bem a nossa felicidade na hora do reencontro. As histórias [para serem emocionantes] não se fazem só de fugas. 

 

Ainda a voltar ao ritmo. Neste capítulo, escrevo a emoção [e ainda o descanso] do primeiro dia de aulas. Em breve, quererei fugir. Por enquanto, soube bem voltar. 

 

Carol

 

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07.Set.17

O caminho que encontrei há um ano

Era o início. O início de algo que eu escolhi sem saber se teria feito realmente a escolha certa. Olhando agora para trás, talvez tenha sido mais uma continuação que um início. Um seguimento de tudo o que estava para trás. E não são sempre as continuações feitas de inícios e de fins? Há um ano, tive um início feliz no ensino superior. Recordá-lo-ei sempre. Não guardo na memória todos os segundos, mas não esqueço as primeiras impressões, os primeiros dias e os primeiros sentimentos da minha entrada para a faculdade. Nem tão pouco esqueço o entusiasmo do desconhecido que tão depressa se tornou familiar. Sei que, com o passar dos anos, vou perder algumas memórias e possivelmente não me lembrarei para sempre [como ainda me lembro agora] da roupa que tinha vestida, das músicas que ouvi no caminho, do frio que senti por acordar às 6h da manhã. Mas não esquecerei, por mais anos que passem, a felicidade de conhecer um mundo totalmente diferente daquele onde fora sempre feliz. Há caminhos que se abrem à nossa frente e pedem para ser explorados. Há um ano, isso aconteceu e eu percebi. Aquele caminho era meu e eu estava feliz por o ter descoberto. Um ano depois, estou pronta para me fazer à estrada e dar início ao percurso. A continuação do anterior. O seguimento do caminho que conscientemente [cheio de tantas inconsciências] comecei a explorar há um ano. Tudo vai recomeçar hoje. Que seja um recomeço cheio de novos começos. Estou entusiasmada [e nervosa]. É hora de seguir caminho e descobrir as coordenadas para a felicidade. Esse é o destino. 

 

Oficialmente, no segundo ano da faculdade. Oficialmente, a retomar a viagem. Acredito que os caminhos nos levam a sitios fantásticos para que possamos voltar sempre prontos para partir novamente.  

 

Carol

 

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