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it's carol

Um blog sobre tudo. Sobre o que me apetecer. Acima de tudo, sobre o que sou.

20.Jul.17

Um emoji vale mais do que mil palavras

Uma imagem vale mais do que mil palavras. De certeza que já ouviram este frase antes. Mas acho mesmo que estamos a precisar de fazer um update [uma atualização] da frase. O que me dizem a: um emoji vale mais do que mil palavras [até porque mil palavras é muita palavra para mandar numa só mensagem]? Agora somos mais emojis do que palavras, essa é a verdade. Eles funcionam mais ou menos como as desgraças [sim, estou a usar a frase: uma desgraça nunca vem só... hoje é só referências, repararam?]. Um emoji nunca vem só. Nada contra, aliás sou completamente adepta destes bonequinhos que enviamos para os nossos contactos e que tornam a nossa vida muito mais fácil. Há emojis para tudo [tudo mesmo!]. Dividem-se basicamente como a roupa que usamos: os usados-para-tudo-e-para-nada-mas-sempre-usados, os que aparecem-de-vez-em-quando-lá-no-fundo-da-gaveta e aqueles que depois-de-experimentarmos-uma-vez-esquecemos-para-sempre [sim, podem admitir que há pelo menos uma peça de roupa no vosso roupeiro que foi usada uma única vez]. Não há [que eu saiba] um guia de como-usar-um-emoji, mas nos dias que correm convém ter noção de quando, qual e porquê usar aquele emoji em determinada situação. É sempre mau [principalmente quando o nosso nível de utilização destes bonequinhos já é considerado acima da média] quando o dedo nos escorrega para o emoji errado, enviamos a mensagem e depois [quando detetamos o erro] temos de enviar outra mensagem a explicar que nos enganámos. Usar emojis exige alguma técnica, acho que é isso [que mais pode ser?]. Que se faça então um update à frase com que dei início a este post [inserir emoji de dedo a apontar para cima]. E, já que estamos numa de frases feitas, [inserir emoji de água] paradas não movem [inserir emoji de moinhos]. Pronto, é mais ou menos isto [inserir emoji de uma carinha a piscar o olho].

 

Atualizem-se. E, lembrem-se, mais vale um emoji certo e contido na mensagem do que dois errados e atrevidos a voarem desse teclado para o telemóvel de outra pessoa. É mais ou menos isto. Havemos de nos habituar [inserir emoji de carinha a chorar de tanto rir porque este post teve bué graça e estamos todos bué dentro das tendências!],

 

Carol

 

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18.Jul.17

Não sabemos nada. Essa é a verdade.

Correu para a janela. Abriu-a devagar para que ninguém dentro de casa pudesse ouvi-lo sair. Saltou e o chão pareceu-lhe mais duro e desconfortável do que costuma ser durante os dias longos e atarefados. Corria uma brisa, não tão depressa como ele tinha corrido para a janela, mas com a velocidade suficiente para o fazer agarrar-se aos braços e proteger-se do frio das 5h da manhã. Apressou o passo e subiu para cima do muro. Ainda estava escuro, mas seria por pouco tempo. Aqueceu as mãos com o bafo quente que tinha na boca e voltou a esfregá-las nos braços. A luz começou a aparecer. Devagar. O sol erguia-se bem longe. Talvez num lugar melhor do que aquele, porque é preciso ter muita força de vontade para nascer diariamente e viver num lugar onde as pessoas, que tanto sabem sobre tudo, se escondem numa das melhores horas do dia. Ele ali estava. A olhar para esse lugar longe e, possivelmente, melhor. As cores surgiam misturadas entre o amarelo, o laranja, o rosa e o azul quase branco do céu. Era possível que nunca lhe tivessem ensinado o nome de todas as cores porque talvez nunca ninguém olhara para aquela pintura. Porque todos os que se preocuparam em ensinar-lhe as cores, as letras, os números e outras trivialidades que dizem ser indispensáveis para a vida, nunca repararam que o mais importante é muitas vezes aquilo que não está estabelecido como importante na lista de coisas-importantes-e-indispensáveis. Sabem lá eles o que é isso. Sabem lá eles o que é ver o sol nascer e tentar dar nome às cores do céu e às cores que o coração sente. Tudo fica mais quente. Os braços estão agora sobre as pernas dobradas. Até a formiga que se passeia na sua perna, fazendo-lhe cócegas, parece apreciar mais aquele quadro do que eles, os outros. Porque os outros sabem tudo. Mas não sabem nada. E ele, por causa dos outros, também sabe pouco. Não sabe onde nasce o sol todos os dias. Esse lugar melhor onde tem mais valor o que se vive do que o que se sabe. Porque se ele soubesse de onde vem o sol, de onde são libertadas todas aquelas cores sem nome, era para lá que corria. Sem dizer a ninguém. E, mesmo aí, podia continuar a viver sem saber o nome das cores. Porque é melhor viver sem querer saber tudo. É melhor dar espaço à ignorância de ver um nascer do sol sem saber descrever as cores que ele pinta no céu do que saber a que distância estamos do sol sem nunca o termos visto nascer. 

 

Ele voltou para casa. A saber mais do que todos os outros. Que se escondem numa das melhores horas do dia. 

 

Carol

 

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17.Jul.17

Às páginas tantas [#1]

Tenho lido muito. Essa talvez seja a coisa que mais tenho feito nos últimos tempos: pôr a leitura em dia. O verão dá-me sempre algum espaço e tempo para colmatar as saudades que tinha de conhecer novas histórias através das páginas de um livro. Escrito na Água e O Universo Nos Teus Olhos foram duas das minhas primeiras escolhas. Acabei de os ler há muito pouco tempo por isso [enquanto a memória não me falha] é melhor começar a dizer o que achei dos dois livros [não que isso seja importante para o mundo ou para vocês, mas para mim é porque por cima de grandes histórias é sempre possível criar outras tantas, tão boas ou ainda melhores]. Os livros não me desiludiram, muito pelo contrário. E, não, não vou escrever um resumo das narrativas. Simplesmente, vou escrever [sobre o que já está escrito] as histórias que estes livros me acrescentaram. Porque ler é sempre acrescentar algo de novo à nossa própria história [acho que é aí que reside o segredo da coisa]. 

Escrito na Água, da mesma autora do sucesso A Rapariga no Comboio [que li no verão passado] surpreendeu-me. Adorei a forma da escrita e da narrativa. As ligações entre as personagens são feitas de uma maneira inteligente e a própria forma como conhecemos cada uma delas permite-nos interpretar a mesma história de perspetivas muito diferentes. Foi um livro que li entre a pressa de chegar ao fim para descobrir quem era afinal o responsável pela morte de Nel, a protagonista que aparece morta no rio, e a calma de desfrutar cada pormenor, palavra a palavra, segredo a segredo e passado a passado de cada personagem. Não querendo comparar histórias totalmente diferentes, gostei muito mais [oh, quantas vezes mais!] de Escrito na Água do que d' A Rapariga no Comboio. É surpreendente e está [inegavelmente] muito bem escrito [muito mesmo]. O desfecho [a meu ver] está ao nível do livro e deixa-nos a pensar sobre quem merece relamente a nossa confiança...

O Universo Nos Teus Olhos, da mesma autora de Fala-me de Um Dia Perfeito [um dos meus livros preferidos do verão passado], revelou-se um livro muito diferente do que estava à espera. A escrita [a principal marca de um escritor] mantém-se na mesma linha do livro que Jennifer Niven lançou há um ano e eu gosto disso. É um livro descontraído e é nesse tom que nos apresenta a história de dois jovens, Jack e Libby. Ele, o jovem popular que sofre em segredo de prosopagnosia que não o permite reconhecer caras [desconhecia esta doença e fiquei completamente fascinada... hei-de escrever sobre isso aqui, ainda ando a investigar]. Ela, em tempos considerada a Jovem Mais Gorda da América após a morte da mãe, vê-se agora perante o mundo exterior e todos os cretinos que nele habitam. É uma leitura leve que nos coloca a refletir sobre o quanto nos valorizamos [ou, pelo menos, nos devíamos valorizar] e porque é que nos importamos sempre com a aparência dos outros. O final [na minha opinião] esteve um pouco aquém, mas nem assim fiquei a gostar menos deste livro "para leitores que procuram histórias de amor fora dos estereótipos". 

 

Às páginas tantas, fico sempre ligada às personagens como se as conhecesse [e tenho pena de poder deixar de falar com elas]. Às páginas tantas, tentarei sempre escrever sobre as minhas leituras enquanto a memória ainda está fresca e bem presa às histórias que bem podiam ser a história de qualquer um de nós.

 

Carol

 

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14.Jul.17

A felicidade dos outros pode ser a nossa felicidade

Já alguma vez se sentiram felizes por ver os outros felizes? Alguma vez experimentaram estar tão ou mais felizes pela felicidade dos outros? Acredito que sim [e, se estiver a acreditar mal, acho mesmo que deviam experimentar]. Estarmos felizes não por nós, mas pelos outros é uma sensação tão boa, prazerosa e leve. É como estarmos felizes por nós com a pequena diferença que vemos a felicidade a correr nas veias de outra pessoa e mesmo assim conseguimos senti-la como se corresse nas nossas. Fico feliz por ver felizes as pessoas de que gosto muito. Porquê esta conversa toda sobre a felicidade? Porque [caso ainda não tenham percebido] estou feliz por ver as minhas pessoas [aquelas de que gosto muito] assim: felizes. Ontem saíram os resultados dos exames nacionais [esse bicho de sete, ou mais, cabeças que ameaça qualquer estudante]. Há um ano [já?!] estava a terminar o ensino secundário, a receber as notas dos exames nacionais e a ter de decidir o futuro [é mais ou menos isso]. Aos 18 anos, temos que adivinhar o futuro, na melhor das hipóteses apontar para o caminho que achamos que nos fará mais felizes. É aqui que entram os exames, eles acabam por ter uma grande influência na decisão que tomamos [umas mais certeiras que outras, é verdade]. Ainda tentei espreitar a bola de cristal [mas isso não funciona]. Consegui seguir o caminho que quis e que até agora tenho percorrido sem precisar de GPS para mudar de rumo. Mas nem todos aqueles com quem partilhei os três anos do secundário se conseguiram fazer à estrada. Uns por opção outros por não terem autorização [é mais ou menos isto que os exames nacionais fazem: autorizam ou não. simples]. E um ano se passou. Voltaram os exames, voltaram as viagens. Abrem-se agora novos caminhos. E as minhas pessoas, aquelas que ficaram em terra há um ano, estão agora [porque conseguiram!] a fazer as malas e [mesmo sem certezas] preparam-se para se fazer à estrada. Não há bola de cristal que nos valha nesta coisa que é a vida, mas há força de vontade para seguir caminho. As minhas pessoas [aquelas que há um ano ficaram à espera da próxima partida] conseguiram. Estão felizes por isso. E eu estou feliz por elas. Por não terem desistido e por nunca terem perdido a viagem, só a guardaram para mais tarde. Não é disso que precisamos às vezes? De tempo, de maturidade, de coragem e de força para encher a bagagem. Aos 18 anos ou em qualquer idade. 

 

É reconfortante sentirmos na pele a felicidade que o coração das nossas pessoas bombeia. Haja felicidade para partilhar nos caminhos que até a bola de cristal desconhece.

 

Carol

 

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12.Jul.17

As obras que a vida dá...

A casa ao lado está em obras. Desde cedo, há uns tempos. Bom, todos sabemos [e não vamos estar cá com coisas] que uma obra vem sempre acompanhada por uma banda sonora [que suscita em todos os ouvintes aquela vontadezinha de pedir para mudar de música ou até para desligar o som]. Não é de todo agradável [mas isto também não se trata dos discos pedidos e, se pudesse, eu pedia que todas as obras tivessem um botão que nos permitisse silenciar todo o ambiente que as envolve]. E o que é uma obra sem barulho? É o mesmo que uma evolução sem o som da mudança? Tenho ouvido de perto [e bem alto] a reconstrução da casa vizinha e isso tem me feito pensar [debaixo de algum ruído] porque nos aproximamos e afastamos das pessoas, porque se aproximam ou se afastam as nossas pessoas, porque martelamos muitas vezes nos mesmos assuntos, porque deitamos abaixo algumas paredes, porque tentamos abrir novas portas, porque reconstruimos aquilo que em tempos só precisámos de construir. Se calhar, só conseguimos olhar para as obras dos outros. Se calhar, não ouvimos o nosso ruído [porque não conseguimos ou porque não queremos]. Se calhar, custa-nos admitir que mudamos e [para bem do resultado final] evoluímos. Estamos sempre em obras [connosco próprios, não tenham dúvidas]. É por isso que nos é difícil encontrar o silêncio. É por isso que estamos sempre a tentar pregar o mesmo prego. As obras são uma coisa chata [não mintam porque é verdade], mas a partir do momento em que estão concluídas depois é só ir dando um jeitinho aqui e ali. Espero que assim seja com a obra aqui do lado. E com tantas obras que por aí andam a precisar de mudar de empreiteiro. 

 

A casa está a ser reconstruida de raiz. Já se vai vendo o telhado. Há músicas que já não suporto outras vão-me entretendo e deixam-me a pensar que devíamos reparar mais nos tijolos que nos faltam a nós do que aos outros. 

 

Carol

 

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11.Jul.17

O dia seguinte.

O dia seguinte. Há um ano. O dia seguinte ao dia em que [há um ano] Portugal festejou aquela que será para sempre "a vitória" [e com isto não quero dizer que não voltaremos a festejar, mas a primeira tem sempre aquele gostinho especial]. As pessoas estavam eufóricas. Mais eufóricas no dia seguinte do que na noite em que tudo aconteceu. Talvez por termos uma baixa autoestima, talvez por gostarmos de sofrer, a verdade é que ninguém acreditava. E, mesmo no dia seguinte, continuávamos sem ter bem a certeza que aquilo era real. Gostava [acreditem que gostava mesmo] de poder comparar a nossa reação à vitória de Portugal no Europeu de 2016 com o momento em que ganhei o Euromilhões, mas não vou fazê-lo [porque não consigo, nunca ganhei]. Mas ganhámos o Europeu e festejámos à grande no dia seguinte. No dia em que o país parou, no dia em que percebemos que era mesmo verdade, no dia em que muitas ressacas estavam ainda longe de se curar. Um golo levantou o país. Deu-nos ânimo e [vejam bem o que faz um golo] até nos levantou a autoestima. Passámos a valorizar-nos mais no dia seguinte. E nos seguintes dias ao dia seguinte já ganhámos mais algumas coisas e temos vindo a perceber que afinal até "somos bons". Não só no futebol, em tudo o que fazemos com paixão, em tudo o que nos une. O dia seguinte, há um ano, foi um dia inesquecível. E estava marcado no calendário de Fernando Santos, o senhor que só regressava dia 11 mal sabia que esse dia, o dia depois da noite de glória, era o melhor dia seguinte para o povo português. O dia seguinte já foi há um ano. E tornou os outros dias [em Portugal] muito melhores.

 

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Ansiosa para vos escrever no dia seguinte ao dia em que ganharei o Euromilhões. Deixem-me só começar a jogar!

 

Carol