20 anos e memórias de uma vida sem preocupações
Hoje faço 20 anos. Sou de uma geração bastante privilegiada. Eu vejo Inspetor Max quase desde o momento em que nasci e há episódios que sei quase de cor. Quem não sabe? Os 104 episódios da série estão em exibição há mais de 10 anos. Acompanhei todas as temporadas de Morangos com Açúcar com direito a Férias da Páscoa, Férias de Natal, Férias de Verão e "Episódio Especial Passagem de Ano". Por causa disso criei falsas expectativas sobre o que seria o meu percurso escolar. Eles eram rebeldes, as escolas estavam constantemente em risco de fechar, o que se resolvia sempre com um musical no final de cada período. E havia sempre um bar, uma Associação de Estudantes e uma banda de sucesso. Ah, que saudades de comprar os CDs com cheiro a morango. Por falar em música, acho que ainda sei de cor as da Floribella. E a deceção que foi quando o Fred morreu? Se não sabiam, desculpem, mas na altura isso nem sequer era considerado spoiler. Eu tive MSN Messenger e sei bem a emoção que era alterar o fundo da conversação. E a rebeldia que era mandar um "abanão" à pessoa com quem falávamos? Eu passei pela moda do nokia 5200, branco e azul, o meu primeiro telemóvel a sério. Dava sempre uma dorzinha quando perguntava "és 96?" e a resposta era "não, sou 91". O saldo acaba em três tempos. Tive uns ténis com luzinhas, um tamagochi e joguei Snake naqueles telemóveis com o ecrã verde. Eu li vários Diários de Um Banana e passeei Bichinhos-da-Seda em caixas de sapatos. A Disney Channel tinha os melhores desenhos animados e eu tinha todos os DVDs dos meus filmes preferidos. Lembro-me das primeiras músicas que descarreguei para o telemóvel - Britney Spears [era a Anitta daquela altura]. E, entre o grupo da turma, o poder que dava ter o meu próprio mp3 com músicas descarregadas diretamente do youtube. Ainda tenho guardadas as bolsas para os CDs estarem protegidos.
A minha única preocupação era conseguir fazer tudo ao mesmo tempo. E havia sempre tempo para mais. Só me esqueci que as coisas não duram para sempre. Dizem que o que é bom acaba depressa. Nunca disseram nada mais certo. Eu queria crescer, queria ser adulta, mas também queria continuar como estava. Pouco preocupada, pouco consciente de que era feliz com tão pouco. E aqui estou agora, no dia do meu aniversário. São os 20 anos que sempre sonhei fazer. É um número bonito. E é o tempo que tenho tido e que não poderia ter aproveitado melhor. Tenho mais responsabilidades, mais consciência de uma vida adulta que se vai revelando aos poucos em pequenos pormenores. Os dias não são sempre bons, nem tudo corre sempre bem, nem sempre sou como gostava de ser, mas até os desenhos animados mais perfeitos da Disney passavam por dificuldades e até a Floribella tinha de falar com as árvores para se desenrascar. Se há uma coisa de que estou constantemente a querer lembrar-me é que pensamentos positivos atraem coisas positivas. E, bolas, todos estes anos tenho tido o privilégio de estar rodeada de coisas e pessoas positivas! Não poderia estar mais grata por isso. Agora, com 20 anos, estou mais do que pronta para aproveitar a vida. O tempo não volta atrás, por isso é aproveitar enquanto ele anda para a frente a toda a velocidade. Quero continuar feliz. Quero continuar a criar memórias. Mesmo que isso implique chamar Pipo ao João Catarré. Há coisas que nunca mudam [e ainda bem].
No meu tempo é que era bom. Já tenho idade para poder dizer esta frase?
Carol