Os marcadores das páginas que fazem histórias
Tenho muitos marcadores de livros. Uns utilizo, outros guardo em gavetas. Mas nunca os repito. Muitos livros já trazem o seu próprio marcador, mas quando não é esse o caso e quando [entre todos os que tenho] escolho um e o coloco [pela primeira vez] numa página, tenho a certeza que ele jamais conhecerá outra história. Os marcadores nada mais fazem do que auxiliar a nossa memória e garantir que depois dos instantes em que abandonamos a história, regressamos exatamente onde ficámos. Mesmo que o nosso cérebro ainda esteja noutro momento da história, para nós ela ficou ali, colada àquele marcador. E cada marcador agarra-se às páginas de um livro como pode [ou como nós deixamos]. Alguns ficam por pouco tempo, outros saem rapidamente. Mas ajudam-nos a evitar as repetições ou a saltar partes importantes da narrativa. Os marcadores relembram-nos o sitio certo, onde o abandonámos, onde decidimos parar. E não é assim também na vida? Não vamos querendo saltar páginas ou voltar a repetir alguns momentos da nossa história? Os marcadores da vida, esses, são ditados pelo calendário, pelo presente do dia em que estamos, a página da qual não podemos fugir. E há dias que marcam as nossas páginas.
Quando termino um livro, tenho a mania de colocar o marcador na primeira página. Porque as histórias contam-se do principio. E há histórias às quais vale a pena voltar. É por isso que coleciono marcadores, para poder marcar as páginas com o ritmo a que cada história tem direito.
Carol