Aqui. Sem rede. Com muitas ligações.
Aqui não há wi-fi e a rede móvel é pouca, mas as pessoas conectam-se de outras formas. Aqui as redes sociais ligam-se à sombra de uma árvore ou na mesa de um café local e as partilhas passam por memórias do passado e reencontros no [e do] presente. Aqui os dias recarregam as baterias e viciam-nas na intensidade com que tudo acontece. Aqui a memória nunca está cheia porque há sempre espaço para mais. Aqui tudo acontece em tempo real, até no replay das almas mais nostálgicas e nas pausas a que a vida obriga. Aqui veem-se as estrelas no céu e favoritam-se as noites quentes. Aqui partilham-se histórias e gosta-se de pessoas. Aqui a calma é o melhor filtro para as rotinas que se cumprem devagar. Aqui a vida não se desliga, vive-se vagarosamente, ao ritmo que tem de ser. Aqui o tempo não anda atrás do tempo que se vive fora daqui. Aqui estamos longe de muito, mas perto de tanto. Aqui é diferente porque só assim faz sentido. Aqui as ligações fazem-se sem fios porque os corações não se ligam uns aos outros através de cabos. Aqui não há wi-fi e a rede móvel é pouca, mas as pessoas conectam-se de outras formas.
Escrevo daqui. Com a bateria carregada, a memória cheia e outras redes que também fazem falta. Porque é importante irmos desconectando para ficarmos realmente conectados.
Carol